Jamie Carragher

Formado nas categorias de base do Liverpool, Jamie Carragher é chamado pelo próprio site do clube de Mr. Liverpool. O zagueiro fez sua estreia pelo time em 1996, e já ultrapassou a marca de 600 jogos com a camisa do Reds.

Só que, mesmo idolatrado e dono de uma carreira recheada de títulos, ele nunca se firmou na seleção inglesa. Em grande parte, a dificuldade na seleção pode ser explicada pela qualidade de seus rivais.

Carragher não disputou a Copa de 2002 por conta de uma lesão no joelho, e foi reserva quatro anos depois. Na Ásia, os titulares eram Rio Ferdinand e Sol Campbell, enquanto o mesmo Ferdinand e John Terry formavam a dupla na Alemanha.

O zagueiro do Liverpool teve poucas sequências pelo English Team. Sua estreia foi em 1999, em um amistoso contra a Hungria. Daí em diante, Carragher ainda vestiria a camisa da Inglaterra em mais de 30 oportunidades, mas na maioria das vezes como substituto.

Foi assim que, em 2006, ele viveu seu pior momento com o time. Carragher entrou no segundo tempo da prorrogação das quartas de final contra Portugal por seu bom desempenho nos pênaltis. Só que o zagueiro, que também atuava como lateral com Sven-Goran Eriksson, desperdiçou a sua cobrança, que definiu a eliminação inglesa.

Depois da Copa, Carragher chegou a fazer mais cinco jogos com a seleção, mas acabou anunciando sua aposentadoria internacional. A saída da Inglaterra veio justamente quando ele atingiu o seu melhor momento técnico com o Liverpool.

Considerado ídolo pela torcida desde 2001, quando o time venceu a Copa da Uefa, ainda com Michael Owen no elenco, Carragher estava em campo na conquista da Liga dos Campeões, em 2005. A conquista nos pênaltis sobre o Milan veio após um empate por 3 a 3, sendo que o Liverpool havia ido para o intervalo com 3 a 0 contra si.

Daí em diante, Carragher e Gerrard, ambos criados em Anfield, despontaram como ícones do clube. Em 2007, o Liverpool fez mais uma grande campanha na Liga dos Campeões, atingindo a final, novamente contra o Milan. Após a derrota, o zagueiro inglês foi muito elogiado pela imprensa e até pelos rivais.

Com Terry e Ferdinand à disposição, a seleção inglesa nunca sentiu a falta do jogador, que passava a sofrer cada vez mais com a queda técnica do Liverpool. Só que no fim da temporada 2009/2010, quando o clube encerrou o ano sem sequer uma vaga na Liga dos Campeões, Carragher voltou à tona ao ser pré-convocado por Fabio Capello à Copa do Mundo.

Fora de campo, como alguns outros ícones futebolísticos de seu país, Carragher tem uma vida regada a polêmicas. A maior delas foi a anuência a um suposto ataque ao australiano Lucas Neill, jogador do West Ham.

O incidente, relatado no livro “Carra”, sua autobiografia lançada em 2008, teria sido ideia de alguns de seus amigos próximos. Os marginais teriam a intenção de atacar Neill, e não foram adiante porque o australiano estava acompanhado de David Thompson, ex-colega de Carragher, que vetou a ação só por causa do antigo companheiro.

A rixa entre Neill e Carragher é antiga. Na temporada 2003/2004, o jogador do Liverpool teve sua perna quebrada pelo rival, e jamais o perdoou pelo lance.

Além disso, o zagueiro, hoje ídolo do Liverpool, foi questionado durante muitos anos pela torcida por ter sido fã do rival Everton na infância. Carragher admite o fato, e diz que só mudou de opinião em 1999, quando já era jogador.

Após uma eliminação na Copa da Inglaterra para o Manchester United, ele voltou para o seu bairro e foi provocado por amigos que torciam para o Everton. Irritado com a cena, ele decidiu abraçar de vez a equipe que defendia.

Só que ao longo da carreira, Carragher sempre conviveu com a lenda de que ele teria uma tatuagem do Everton em um dos braços, e que por isso jogava com camisetas de manga comprida. O mistério foi desvendado no lançamento da sua autobiografia, quando ele divulgou uma foto em que aparecia com os braços “limpos”.