Festa da Copa de 2014 vira ressaca para brasileiros e sonho para argentinos

Do UOL, em São Paulo

O Brasil viveu na última terça-feira um dos piores momentos da história de sua seleção. Jogando no Mineirão, a equipe nacional perdeu para a Alemanha por 7 a 1 em duelo válido pelas semifinais da Copa de 2014 – maior goleada já sofrida por um campeão mundial na história do torneio. Foi assim que acabou para os torcedores locais a festa em que o evento havia se transformado. Após 27 dias e muitas marcas a serem comemoradas, esta quarta serviu para esfregar na cara dos brasileiros o novo clima da Copa: uma gigantesca ressaca para os donos da casa.

Foi esse o tom da entrevista coletiva concedida pela comissão técnica da seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis, onde o time está concentrado. Entre pedidos de desculpa e explicações rasas, o treinador Luiz Felipe Scolari escancarou que o time nacional já vive em fim de festa.

Na entrevista, Scolari evitou antecipar a saída da seleção. Mas também não fez questão de encerrar que a disputa de terceiro lugar, no sábado, em Brasília, será o fim do ciclo dele na equipe nacional.

"Primeiro vamos jogar. Temos uma partida no sábado, e essa partida de sábado passou a ser nosso sonho principal", disse Scolari na coletiva. Sonho, entretanto, talvez seja a pior maneira para descrever o que a Copa é atualmente para os brasileiros.

A Copa de 2014 já teve 185 gols marcados, recorde na história do torneio – a marca anterior era de 1998, na França, com 171. Além disso, deixou uma série de marcas: jogador mais velho da história a entrar em campo (o colombiano Mondragón, 43), maior artilheiro africano (Asamoah Gyan, que chegou a seis gols) e primeiro Mundial com dois africanos nas oitavas de final, por exemplo.

A emoção também é uma marca do Mundial de 2014. Foram cinco prorrogações nas oitavas de final, recorde histórico para o torneio. Em toda a fase eliminatória, apenas duas partidas (Colômbia 2 x 0 Uruguai, França 2 x 0 Nigéria e Alemanha 7 x 1 Brasil) tiveram resultado com mais de um gol de diferença.

A maior derrota da história da seleção brasileira transformou uma Copa que se destacava pela festa em campo num evento com cara de ressaca. Foi esse o clima no Brasil nesta quarta.

Para piorar, a segunda Copa realizada no Brasil pode coroar pela segunda vez um rival local. Depois do título do Uruguai em 1950, os anfitriões viram nesta quarta a Argentina se classificar para a decisão. Foi nos pênaltis, depois de empate por 0 a 0 com a Holanda, mas os Hermanos voltaram a uma disputa de título, condição que eles não atingiam desde 1990.

A Copa dos brasileiros, que era festa, já virou ressaca. Para os argentinos, pelo menos até domingo, a festa ainda está longe de terminar.

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