Michel

Primeiro filho homem do casal Miguel González e Pepita Martín del Campo, depois de Maria José e Maria Dolores, o pequeno José Miguel, mais conhecido como Michel, tinha uma tradição familiar a seguir no futebol. Seu pai havia sido jogador profissional, mas tivera de abandonar a carreira por causa de um acidente automobilístico.

Apaixonado pelo futebol, porém, "Don González" virou treinador, passando por diversas equipes da região central da Espanha. Maior entusiasta do trabalho do pai, o jovem Michel o seguia pelos campos, aprendendo valiosas lições para seu futuro como profissional.

Aliando esse aprendizado com suas qualidades inatas, Michel começou a se destacar entre os jogadores da sua idade, virando estrela nos colégios onde estudou. Com 10 anos de idade, ingressou em sua primeira equipe "séria", o Rayo de Los Angeles, equipe do bairro onde vivia.

Dois anos depois, recebeu as primeiras ofertas de grandes clubes da cidade - uma do Rayo Vallecano e outra do Atlético. Embora fosse torcedor alvirrubro e tenha jogado pelo clube, o pai do jogador preferiu levá-lo para o Real Madrid, onde os treinadores ficaram maravilhados logo após seu primeiro teste.

Michel chegou ao Real Madrid em 1976, entrando no infantil B como meia-esquerda. Habilidoso com as duas pernas e dono de uma visão de jogo fora do comum, o jogador logo se transformou em uma das estrelas das categorias de base. Em 1979, já como juvenil, começou a ser convocado para as seleções inferiores da Espanha, sendo eleito a melhor revelação da Europa.

Na temporada 1981/1982, foi levado ao Castilla, filial do Real Madrid, onde conheceu os companheiros da famosa "Quinta del Buitre" (Quina do Abutre, em português) - Emilio Butragueño (El Buitre), Manuel Sanchís, Martín Vázquez e Miguel Pardeza -, como ficou conhecida aquela nova geração de craques formados dentro do clube.

A estreia entre os "grandes", porém, teve de esperar um pouco. Somente em abril de 1982, por causa da greve de jogadores da primeira divisão, Michel entrou em campo e marcou um gol. Depois disso, porém, as chances voltaram a ficar reduzidas. Enquanto seus ex-companheiros já estavam no time principal, ele continuava no Castilla.

Pensando em conseguir uma transferência, Michel arrebentou na temporada 1983/1984, levando a filial do Real Madrid ao título da segunda divisão do Campeonato Espanhol, sua melhor classificação na história até então.

O craque, enfim, conquistava seu espaço entre os astros da equipe merengue. Com Michel e a "Quinta", o Real Madrid ganhou o Campeonato Espanhol cinco vezes consecutivas, duas Copas da Uefa, uma Copa do Rei e duas Supercopas da Espanha na década de 80.

O sucesso, entretanto, não se repetiu na seleção. Michel foi titular da Espanha nos cinco jogos que a equipe disputou na Copa do México. Na estreia contra o Brasil, marcou um gol que foi mal anulado pelo árbitro. Depois disso, pouco fez para evitar a derrota para a Bélgica nas quartas de final.

Quatro anos depois, na Itália, Michel fez quatro gols na primeira fase (três na Coreia do Sul e um na Bélgica), mas a Espanha caiu nas oitavas diante da Iugoslávia. Despediu-se da seleção em 1992, em um empate sem gols com a Irlanda, em Sevilha. Jogou 66 partidas oficiais, marcando 21 gols.

Michel deixou o Real Madrid em 1995, recusando propostas do Atlético de Madri e do Universidad Católica, do Chile, para se juntar ao colega Butragueño no Atlético Celaya, do México. Disputou sua última partida em 1997, contra o Los Pumas do ex-companheiro Hugo Sánchez. Ambos se despediram no mesmo jogo. Encerrada a carreira de jogador, Michel passou a trabalhar como comentarista, antes de tentar a sorte como treinador do Rayo Vallecano, em 2005.

A experiência durou pouco, e logo Michel acertou sua volta para o Real Madrid como coordenador das divisões de base. O rebaixamento do Castilla para a terceira divisão, porém, abalou o emprego do ex-jogador, que logo foi demitido. Desde o primeiro semestre de 2009, Michel comanda o Getafe, na primeira divisão do Espanhol.