Camacho

Jogador que marcou época como líder do Real Madrid nas décadas de 1970 e 1980, José Antonio Camacho foi um zagueiro clássico, seguro e canhoto. Personificou como poucos a ideia da "fúria espanhola" por sua raça, dedicação e entrega à busca da vitória dentro de campo.

Nascido em Cieza, mudou-se com a família para Albacete quando ainda era garoto. Aos 16 anos, estreou na equipe juvenil do clube local, atuando como lateral-esquerdo. Logo foi convocado para a seleção espanhola da categoria pelo técnico Héctor Rial e ganhou uma vaga no time principal do Albacete.

Real Madrid e Barcelona disputaram o jovem jogador, mas Camacho optou pelo time da capital. Fez um teste em 1972, marcando o famoso atacante Carlos Alonso Santillana, seu futuro companheiro de equipe, e foi aprovado. No ano seguinte, foi emprestado ao Castilla, filial do Real Madrid, para ganhar experiência.

Antes do fim da temporada, Camacho já estava de novo entre os craques do clube, disputando seu primeiro jogo na equipe principal em uma derrota por 1 a 0 para o Málaga. Já como titular absoluto da defesa merengue, o zagueiro conquistou seus dois primeiros títulos em 1975, no Campeonato Espanhol e na Copa do Rei. No mesmo ano, debutou na seleção em um empate com a Escócia (1 a 1).

A ascensão meteórica de Camacho no futebol foi interrompida em janeiro de 1978, quando ele sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo, machucando o menisco e rompendo os ligamentos cruzados. Com os recursos disponíveis à época, o jogador passou por duas cirurgias e demorou quase dois anos para se recuperar.

Por isso, não integrou a seleção espanhola que disputou a Copa da Argentina. Mas fez sua estréia em Mundiais em 1982, sendo titular em todas as cinco partidas da anfitriã Espanha, que terminou na décima colocação. Quatro anos depois, no México, lá estava Camacho de novo na zaga da "Fúria", eliminada pela Bélgica nas quartas de final.

Sua despedida da seleção aconteceu em 1988, durante a Eurocopa, em uma derrota por 2 a 0 para a Alemanha. Camacho disputou 81 partidas oficiais por seu país, um recorde na época, mas jamais teve a honra de levantar um troféu.

Se não vieram com a seleção, as conquistas internacionais aconteceram com o Real Madrid. Em 1985 e 1986, a equipe foi bicampeã da Copa da Uefa. Três anos depois, com o título do Campeonato Espanhol, Camacho encerrou a carreira de jogador.

Camacho continuou no clube como treinador dos juvenis do Castilla e, com o passar dos anos, foi subindo degrais. Chegou a ser auxiliar técnico de Alfredo Di Stéfano, mas sua primeira equipe como treinador foi o Rayo Vallecano, a quem levou à primeira divisão em 1993. Fez o mesmo com o Espanyol na temporada seguinte.

Passou também por Sevilla, novamente pelo Espanyol e dirigiu o Real Madrid por um breve período - ficou só 22 dias e saiu por divergências com a diretoria - antes de assumir a seleção da Espanha em setembro de 1998.

Levou a equipe às quartas-de-final da Eurocopa em 2000 (perdeu para a França) e da Copa do Mundo de 2002 (foi eliminada pela Coréia do Sul nos pênaltis). Seus últimos clubes foram o Benfica, de Portugal, e o próprio Real Madrid. Atualmente, ele comanda o Osasuna, clube que assumiu em 2008.