Rattin

Um verdadeiro patrimônio do Boca Juniors, Antonio Ubaldo Rattin defendeu o clube por 14 anos. Jamais vestiu outra camisa. A estreia do volante foi aos 19 anos, em setembro de 1956, diante do arquirrival River Plate. Daquele momento em diante, sua presença no meio de campo azul-dourado tornou-se inconfundível.

Em seu currículo, estão escritas marcações cerradas a adversários difíceis e investidas oportunistas ao ataque. A garra e a determinação foram seus maiores símbolos dentro de campo, onde se notabilizou e virou ídolo tanto no Boca quanto na seleção argentina.

Seu último jogo pelo Boca Juniors foi em 1970, quando sentiu que suas pernas já não agüentavam mais a pressão do mesmo meio-de-campo que o transformou em ícone de garra e habilidade. "Não jogo mais", decidiu, após um empate com o Banfield, por 1 a 1. Em 1980, retornou ao time de Buenos Aires, só que desta vez como treinador.

Mas Rattin também é conhecido por outras razões, que não necessariamente envolvem a bola em jogo. Em parte, o futebol deve a ele a invenção dos cartões amarelo e vermelho. Durante o jogo contra a Inglaterra, país-sede, o argentino foi expulso pelo árbitro alemão Rudolf Kreitlein que, por alguma razão, criou um caso incrível com o jogador. Segundo Rattin, tudo o que ele pedia durante a discussão era um intérprete - ele protestava em espanhol, idioma que o juiz não dominava.

Depois de quase dez minutos de reclamações e de jogo paralisado, Rattin deixou o campo e resolveu protestar ao passar a mão e amassar levemente a flâmula do Reino Unido que adornava a bandeirinha de escanteio. A cena aconteceu bem defronte à tribuna real. Tal episódio contribuiu para que, a partir da Copa posterior, o regulamento previsse a adoção os cartões como meio de comunicação universal entre árbitros, jogadores e, claro, o público.