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Goldman, governador de São Paulo, assegura que estádio não terá verba pública

19/06/2010 - 14h28

Por abertura em 2014, governador de SP irá procurar Teixeira; SPFC acusa complô

Do UOL Esporte
Em São Paulo

Alberto Goldman, governador do estado de São Paulo, não desistiu de ter a abertura da Copa de 2014 na capital paulista. Na última sexta-feira, prometeu se encontrar com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para discutir o tema após o Mundial da África do Sul.

"Esperamos que a abertura seja aqui, não quero abrir mão disso", declarou Goldman, que reafirmou sua intenção de manter o erário paulista intocado. Segundo o governador, nem um centavo de dinheiro público será revertido para a construção de um estádio, “nem mesmo para o Timão”, brinca o corintiano.

"Se nós tivermos dinheiro, temos outras prioridades do que colocar uma fortuna em um estádio qualquer. Não tem cabimento construir um estádio para a Copa do Mundo, para um evento. Eu não faria isso", disse Goldman, segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo.

As declarações vêm após o anúncio oficial feito pela Fifa esta semana, dando conta de que o estádio do Morumbi foi vetado para a Copa de 2014. A alegação da entidade máxima do futebol é a de que houve atraso no calendário de obras do estádio, que seria reformado com dinheiro da iniciativa privada.

As modificações exigidas pela Fifa custariam R$ 600 milhões ao São Paulo Futebol Clube, que entregou em contrapartida um projeto mais modesto, que custaria R$ 250 milhões, sem pleitear a abertura. A Fifa não aceitou e vetou definitivamente o estádio, em decisão que o clube do Morumbi classificou de “complô político”.

O governador Goldman relembra que o papel de prefeitura e estado de São Paulo é de garantir as obras estruturais para que a capital paulista possa receber as partidas. Dinheiro para aprimorar sistema de transporte, garantir segurança, receber os turistas, sim. Para estádio, nada.

"O que nós não vamos investir é em novos estádios. É inadmissível que São Paulo, com todos os estádios que tem, fique fora. Se o Morumbi está fora, que se procurem soluções", finaliza, sem precisar uma saída para o imbróglio.

Complô político

O São Paulo, proprietário do Morumbi, acusa um complô político contra o clube na decisão da Fifa. Seu presidente, Juvenal Juvêncio, é desafeto de Ricardo Teixeira, que este ano não recebeu o apoio a seu candidato para comandar o Clube dos 13, Kleber Leite. Juvêncio apoiou Fábio Koff, que se saiu vencedor, irritando Teixeira. Segundo relata o Estado de S. Paulo, Juvêncio já teria dito que se tivesse votado no candidato da CBF, o desfecho da novela com o Morumbi seria diferente.

OPINIÃO DE JUCA KFOURI

Que jorrará dinheiro público, por mais que garantam o contrário no governo estadual e na prefeitura paulistana, é fora de dúvida

Além disso, o São Paulo vê na decisão a influência de seu arquirrival, o Corinthians, com quem tem trocado farpas publicamente nos últimos anos e cujo presidente, Andrés Sanchez, está em lua-de-mel com o presidente da CBF.

Sanchez é frequentador assíduo do quartel-general da CBF, no Rio, e sob a batuta de Teixeira, foi convidado para chefiar a delegação da seleção brasileira na África do Sul.

Por lá, tem se mantido em contato com a cúpula da Fifa e fortalece, assim, o seu grande sonho, que é erguer um novo estádio para o Corinthians. Situação parecida com a do Engenhão, no Rio de Janeiro, que foi construído para o Pan-Americano de 2007 e passou em seguida às mãos do Botafogo.

"Como pode um chefe de delegação da seleção brasileira falar no meio da Copa que o Morumbi está fora?", se indagou Marco Aurélio Cunha, dirigente do São Paulo, logo após o anúncio da Fifa.

Além disso, a diretoria são-paulina acusa a influência de empreiteiras, grandes interessadas numa obra da dimensão de um estádio de 65 mil pessoas na capital paulista.

“Houve boicote de interesses privados. Nos colocaram dificuldades que eu quero ver se serão colocadas para o futuro estádio", afirmou Cunha. "É que o São Paulo não se submete a esses interesses que estão em jogo. Preferimos manter a independência."

Ainda assim, o tricolor paulista não desistiu da candidatura do Morumbi e para isso, tentará utilizar sua influência política e a Justiça para reverter a situação.

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