(Da esq. p/ dir.) Ricardo Teixeira, Juvenal Juvêncio, José Serra, Hugo Salcedo (comissário Fifa) e Gilberto Kassab fazem vistoria no Morumbi em 2007 |
Com o anúncio da exclusão do estádio do Morumbi da Copa de 2014, a prefeitura de São Paulo e a CBF se mobilizam para encontrar investidores e construir uma arena em Pirituba, zona norte de São Paulo, em terreno onde já havia sido previsto um centro de convenções três vezes maior que o Anhembi.
Outros estádios cogitados eram o Pacaembu, que necessitaria uma reforma orçada em R$ 260 milhões, ou ainda a Arena Palestra, a ser habilitada pelo Palmeiras. Mas o projeto de ambas prevê uma capacidade de 45 mil lugares, abaixo dos 65 mil exigidos pela Fifa para a abertura da Copa.
Com isso, a prioridade é conseguir parceiros que viabilizem a construção do estádio em Pirituba e assim, conseguir receber o primeiro jogo do Mundial de 2014.
“A questão central é que São Paulo tem de ser sede da abertura da Copa. Será uma desmoralização muito grande se isso não acontecer”, comenta o vereador Eliseu Gabriel (PSB), com base eleitoral em Pirituba, ao Jornal da Tarde. “A única alternativa agora é correr para fazer o estádio em Pirituba”.
O jornal O Estado de S. Paulo diz que o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM), teria comentado pessoalmente a Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que o estádio em Pirituba pode sair do papel. Isto porque está prevista a construção de um grande centro de convenções, que seria avizinhado por um shopping center, um centro comercial com prédios executivos, hotéis e uma arena multiuso, prevista para ter 45 mil lugares, uma vez que dificilmente os eventos esportivos da cidade exigem capacidade maior.
Já a adaptação das obras visando a acomodação das 65 mil pessoas exigidas pela Fifa dependeria do dinheiro de investidores que pudessem bancar o projeto. Algo que, segundo Teixeira, não seria difícil arrumar.
Isto porque o presidente da CBF já teria antecipado a articulação de um acordo com dois consórcios de empreiteiras, um liderado pela OAS e outro pela Odebrecht, ambos interessados em construir uma arena multiuso anexada a um shopping center na região. O valor da obra é estimado em R$ 700 milhões, dinheiro que as empreiteiras pretendem captar com bancos privados, de acordo com vereadores ligados ao Comitê Organizador Local.
A reportagem diz ainda que Kassab já sabia há quase um ano que o Morumbi tinha grandes chances de ser vetado, sob aviso do próprio Teixeira, que nunca escondeu sua insatisfação com o Morumbi, mesmo com o apoio do presidente Lula, do ex-governador José Serra e do ministro do Esporte, Orlando Silva, ao estádio do São Paulo Futebol Clube.
Que jorrará dinheiro público, por mais que garantam o contrário no governo estadual e na prefeitura paulistana, é fora de dúvida
Juca Kfouri, colunista da Folha de S. Paulo e blogueiro do UOL, afirma que, além das francas desavenças entre Ricardo Teixeira e Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, proprietário do Morumbi, o mandatário da CBF teria preferência para estar de acordo com sua parceira Traffic, com o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke e do presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero. Todos eles, diz Kfouri, "veem na nova arena uma oportunidade extraordinária de negócio, futebol e shows".
Além disso, continua Juca Kfouri em coluna na Folha de S. Paulo desta sexta-feira, o presidente da CBF já contava com uma parceria discreta de Kassab, que tratou de fazer jogo duplo.
“Tudo o que estava ao nosso alcance nós fizemos e faremos para viabilizar o Morumbi. Se as coisas não acontecerem como o planejado, temos que lamentar”, declarou Kassab após o anúncio do veto ao Morumbi.
No entanto, desde que Teixeira lhe deu o pré-aviso sobre o Morumbi, Kassab se apressou em destacar o então secretário de esportes, Walter Feldman, para checar a viabilidade da reforma do Pacaembu. Já Marcelo Ordinale Branco, ex-secretário de Obras e atual chefe da pasta de Transportes, foi incumbido de comandar o projeto de Pirituba.
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