05/06/2010 - 09h30

Grafite revela decepção com seleção em 2009 e lembra quando jogava por fralda

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Johanesburgo (África do Sul)

Grafite é reserva no time de Dunga e foi a grande surpresa da convocação para a Copa do Mundo, mas na sua primeira entrevista coletiva como jogador da seleção ele mostrou que está mais à vontade a cada dia. Neste sábado, o atacante relembrou as dificuldades que enfrentou na carreira até chegar à Copa. Ele chegou a jogar por fraldas e vendia sacos de lixo até se profissionalizar aos 21 anos. Revelou, ainda, a decepção que teve por não ter sido chamando por Dunga em 2009.

A tristeza de Grafite causada pela atual comissão técnica aconteceu na metade do ano passado. Campeão alemão pelo Wolfsburg, ele terminou o campeonato como principal artilheiro (28 gols) e foi eleito o melhor jogador. Passou a imaginar que seria lembrado por Dunga para as eliminatórias e para a Copa das Confederações. Não foi.

“Achei que por ter sido artilheiro, campeão e o melhor do campeonato seria convocado para o jogo contra o Paraguai em Recife [a última partida antes da viagem à África do Sul para a Copa das Confederações]. Não fui convocado e criei uma decepção, mas respeitei e entendi”, contou Grafite, argumentando por que não alimentou muitas esperanças de ser lembrado para a Copa do Mundo.

O ex-atacante do São Paulo só recebeu a primeira chance de Dunga no começo deste ano. Foi chamado para substituir o lesionado Luís Fabiano no amistoso contra a Irlanda, em Londres. Jogou apenas 27 minutos, mas participou do segundo gol na vitória por 2 a 0 e conquistou a confiança do treinador. No dia 11 de maio, seu nome apareceu entre os 23 convocados.

Grafite ficou sabendo que estava na Copa do Mundo pelos familiares. Ainda estava na Alemanha, preparando-se para viajar de férias. “Todos choraram muito e nos abraçamos. Chorei também. Tem hora que não dá para segurar. Lembro que a minha mulher falou: ‘você merece, você lutou muito por isso’”.

No momento, relata o atacante, muitas memórias ressurgiram. “Passou um flash na minha cabeça, lembrei quando eu era amador em Campo Limpo Paulista e recebia cesta básica e fraldas, já que minha filha era recém-nascida”, contou.

“Vendi saco de lixo até os 21 anos, quando me tornei jogador profissional. Depois disso minha carreira só progrediu. Passei por momentos difíceis como todo mundo passa, percorrendo um caminho de vitórias, derrotas, angústias e sofrimentos. Mas fui abençoado e hoje estou aqui”, emendou Grafite.

O atacante está integrado à seleção desde o dia 21 de maio, quando a preparação do Brasil começou em Curitiba. Contudo, a “ficha” demorou a cair, segundo ele. “Só senti que estava na Copa do Mundo quando desembarcamos aqui na África do Sul, chegamos no hotel e fomos fazer o primeiro treino no campo.”
 

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