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Apesar de o inglês ser influente e disseminado, o zulu é a língua mais utilizada pela população


Poliglota, África do Sul une mais de 10 línguas

São onze línguas oficiais, fora os dialetos locais. A diversidade marca a divisão dos idiomas na África do Sul e evidencia a mistura étnica do país-sede da próxima Copa do Mundo. Na divisão das línguas maternas, o zulu aparece em primeiro lugar, seguido pelo xhosa e pelo africâner. Em cada região, contudo, a concentração varia. O zulu, por exemplo, é o principal idioma da costa leste, enquanto o africâner domina o lado oeste.

O inglês, por sua vez, é um idioma bastante influente na África do Sul. Se a língua materna não tem tanta representatividade como o zulu, por exemplo, por outro lado é o principal meio de comunicação entre estrangeiros e locais. Também é uma prova da grande influência britânica sobre sua população.

A distribuição dos idiomas também expõe outro resquício da colonização europeia. O africâner se assemelha muito ao holandês, mesclando ainda características de português, alemão e francês.

No dia a dia, a maioria dos sul-africanos age de forma parecida no uso de cada língua. Eles falam com os visitantes estrangeiros principalmente em inglês, mas interagem com os conterrâneos nos idiomas locais mais característicos, perguntando antes qual língua o interlocutor domina. Uma verdadeira miscelânea.

Resistência no idioma

O inglês e o africâner (variação do holandês) são línguas trazidas pelos colonizadores europeus, que com o passar do tempo tornaram obrigatório a utilização de ambas. No entanto, quando estão entre si, quase nenhum negro fala inglês (muito menos africâner), questão de resistência cultural. Afinal, se juntarmos o número de pessoas que se comunicam nas duas línguas europeias, não chegamos ao total de praticantes do zulu, o idioma mais falado na África do Sul (23,8% da população), cuja raiz banto (o “latim” da África) compartilha com as outras oito línguas locais: xhosa (a segunda mais falada), sepedi, sotho, tswana, swati, tsonga, venda e o ndebele.

A língua da discórdia

A origem do feriado de 16 de junho é traumática. A data conhecida como "Dia da Juventude" lembra a histórica manifestação de estudantes no Soweto. Revoltados com a obrigatoriedade de aprender o africâner, língua materna dos brancos e símbolo do apartheid, eles lideraram um motim marcado por violência, mortes e saques. O primeiro estudante a morrer foi Hector Pieterson. A foto de seu corpo sendo carregado pelos braços de outro garoto e a irmã Antoinette ao lado se tornou uma bandeira da luta contra o racismo. Hoje, ele dá nome a um museu situado no Soweto que lembra o levante que se tornou famoso mundialmente e custou a vida de centenas de pessoas.

Sotaque forte

Os turistas que falam inglês podem se surpreender. O idioma é garantia de comunicação com os anfitriões, mas há diferenças de sotaque. E não são poucas. O inglês local tem muitos traços do britânico, mas sempre reforçado pelas peculiaridades das línguas regionais. Muitas sílabas e letras, que são bem “marcadas” no inglês dos sul-africanos, são pronunciadas de forma diferentes por outros povos que conhecem a língua, ou pelos turistas que a aprenderam.


Trekking: da África para o mundo

Trekking, termo muito usado por esportistas, nasceu na África do Sul. A longa caminhada por acesso complicado deriva da palavra vortrekkers, os primeiros holandeses que trabalharam no país e se locomoviam a pé entre pontos distantes. Um dos significados da palavra trekken, em holandês, é migrar, enfrentar jornadas. Foi o que fizeram os britânicos, quando seguiram ao interior do país e logo incorporaram o termo ao inglês, difundindo-o pelo restante do mundo.


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