Gastronomia

Cultura

Franceses imigrantes do século 17 ajudaram os sul-africanos a produzir vinho de boa qualidade


Cardápio oferece larva, crocodilo e vinho fino

Ainda que a África do Sul produza vinho desde a chegada da Companhia das Índias Ocidentais no século XVI, a idéia de que o país seja um polo de vinícolas ainda surpreende muita gente. Até porque a abertura desse mercado só foi possível com o fim do regime do Apartheid em 1994, quando acabaram os boicotes comerciais.

A vocação para essa bebida clássica foi recuperada, e atualmente a África do Sul tem vinhos reconhecidos mundialmente. Ao mesmo tempo em que pratos exóticos como crocodilos, larvas e antílopes ganham novas roupagens da alta culinária e fazem sucesso até nos restaurantes mais chiques.

Se essas iguarias passaram a ser alimento para as elites, pratos rápidos como o peixe frito com batatas, típico no Reino Unido, acabaram virando uma opção de baixo custo. Assim como a carne assada, que no bairro pobre de Soweto ganhou uma roupagem mais franca e barata. O churrasco brasileiro também é reproduzido, assim como ícones da culinária de outros países que têm influência na cultura multifacetada da África do Sul.

Coragem à mesa

As vinícolas

Desde o fim do regime de segregação, Nelson Mandela deu novo impulso aos produtores de vinho. A partir de 1994, a exportação cresceu de 50 milhões de litros para 140 milhões em apenas seis anos. Nesta época, o país já assegurava sua fatia junto aos consumidores contemporâneos, que buscam novos sabores em locais alternativos como Califórnia e Austrália. Tudo isso se deve ao clima e à geografia sul-africana que, variando da costa até o deserto, reproduz as condições ideais para diferentes tipos de uvas, especialmente na região do Cabo. Atualmente, o vinho da África do Sul já definiu sua personalidade e se consolidou no mercado mundial.

Feijoada sul-africana

Principalmente nas grandes cidades como Johanesburgo, é possível encontrar todo o tipo de restaurante, seja de comida italiana, japonesa, francesa, portuguesa e brasileira. Há até uma churrascaria chamada “Rodízio”, que serve picanha assada, denomina pratos com nomes de bairros do Rio de Janeiro e prepara uma caipirinha “falsificada”. A feijoada também não engana brasileiro nenhum e vem com uma "falsa" couve. Tudo ideia do dono português, que não emprega nenhum brasileiro no estabelecimento.

Pouparam os pinguins

Perto de um rabo de crocodilo, uma larva de árvore ou mesmo um pinguim, facóquero ou kudu ainda podem parecer pratos comuns. Esses dois nomes estranhos denominam, respectivamente, espécies de javali e antílope características na África do Sul e usadas para fazer assados servidos em restaurantes conceituados. Tudo isso, junto com tripa de boi, cabeça de ovelha e carne de veado, formam a culinária exótica muito apreciada no país. Os pinguins, na verdade, vêm sendo poupados há muito tempo – eles serviam de alimento para habitantes da costa do cabo, assim como para os exploradores holandeses e portugueses que desembarcavam por lá.

Fast food sangrento

Longe do circuito da alta gastronomia, no Soweto, subúrbio de Johanesburgo, há uma opção de fast food nada convencional. No balcão do Muthwa Butchery & Fast Foods repousam os cortes de carne cheios de sangue esperando até que os clientes os escolham para irem à churrasqueira. Nada é desperdiçado: fígado, intestino e outros órgãos estão entre os mais pedidos no “restaurante-açougue”.


Influências: da Índia aos EUA

Outros povos, como os indianos, também influenciam na culinária. A achaar, salada com manga, veio do oriente, assim como a chakalaka, prato leve feito com cebola, gengibre, couve-flor e curry. Dos EUA, veio o biltong, espécie de charque feito com avestruz ou antílope, apreciado pelos africâneres. O boerewors é uma iguaria popular e genuinamente do país – trata-se de uma linguiça feita com carnes suína, bovina e de cordeiro, assada diretamente no carvão.


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