As imagens que mostram o guindaste desabando ao lado do Itaquerão foram feitas ao acaso por uma pessoa que até um dia antes nem sabia que estaria ali. O arquiteto Márcio Antonio Campos foi convidado a fazer a visita na manhã de quarta-feira por um amigo que faz parte de um grupo de profissionais da área que já havia combinado o encontro.

Campos acredita ser a única pessoa a ter feito um vídeo no momento do acidente. Por isso mesmo a Polícia Civil pretende ouvi-lo e pedir acesso às imagens para juntar ao inquérito que apura as causas do acidente. "Se a polícia me chamar, eu vou. Não tem problema contar o que vi lá no canteiro de obras", disse o arquiteto ao UOL Esporte.

Se não fosse corintiano, Campos talvez nem tivesse ido. "Foi uma grande coincidência eu estar ali. Esse meu amigo sabe que eu sou corintiano e, como nunca tinha visto o estádio de perto, aceitei ir. Dá até arrepio pensar que eu passei pelo local do desabamento cinco minutos antes do guindaste cair. Foi uma coisa horrível. Foi tudo muito rápido, pavoroso."

A visita transcorreu de forma normal e foi acompanhada por um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, de acordo com Campos. "É uma coisa de primeiro mundo. A estrutura é impressionante. Tirei mais de 120 fotos de tudo. Nunca imaginei que alguma coisa poderia dar errado naquela obra."

Considerado o maior guindaste em operação no Brasil, a máquina que estava levantando a última peça da cobertura da arena chamou a atenção do grupo de arquitetos. Antes de entrar no carro, Campos decidiu tirar uma última foto do guindaste gigante. "Peguei minha câmera e focalizei na grua. Foi quando vi que alguma coisa estava errada. Apertei o botão de gravação e filmei o acidente. Nem sabia se tinha gravado mesmo. Fiquei em choque", afirmou.

O susto foi tão grande, nas palavras do cinegrafista, que nem deu tempo de falar com ninguém da obra. "As pessoas começaram a correr e a gritar. Parecia um daqueles filmes de furacão. Não tinha o que fazer. Nessas situações, às vezes, mais gente só atrapalha. Achei melhor deixar o trabalho para quem tem que atuar nesses casos, bombeiro, ambulância. Pensei: 'Deixa eu ir embora'".

Ao sair do estacionamento, o arquiteto ainda tirou algumas fotos do desastre. No dia seguinte, enviou o vídeo para o portal de notícias G1 e, em pouco tempo, as imagens foram compartilhadas por toda a internet. "Jornalistas do mundo inteiro entraram em contato comigo. Falei com pessoas na Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos. Não é uma coisa comum. Foi uma grande tragédia."