Cafusa pode livrar seleção de dor de cabeça com material esportivo

Gustavo Franceschini*

Do UOL, em Goiânia

  • Flávio Florido/UOL

    Lucas olha a Cafusa, bola que será utilizada na Copa das Confederações, durante treino da seleção

    Lucas olha a Cafusa, bola que será utilizada na Copa das Confederações, durante treino da seleção

A seleção brasileira finalmente começou a treinar com a Cafusa, bola que será usada na Copa das Confederações. Testada e discutida, ela até agora passou incólume a críticas. Se não for mesmo "queimada" até o início do torneio, ela vai contrariar o histórico de problemas da seleção brasileira com seu material esportivo em grandes competições.

A questão remonta a 2002. No caminho para o penta, a Nike lançou suas novas camisas com uma espécie de forro interno, que ajudaria na absorção do suor dos jogadores. Não deu certo. O detalhe incomodava os jogadores, que depois revelaram ter cortado o material para evitar problemas durante os jogos.

Quem não foi por esse caminho, se deu mal. Tornou-se emblemática a cena de Edmilson, na final contra a Alemanha, "preso" no forro do uniforme. Para trocar a peça em campo, o zagueiro demorou mais de um minuto, expondo o problema ao mundo inteiro.

Quatro anos depois, a seleção brasileira sentiu o incômodo nos pés. Às vésperas da Copa do Mundo de 2006, a Nike lançou modelos de chuteira especialmente pensados para a competição. Ronaldo, um dos contemplados pela marca, não se acostumou ao calçado e passou a sofrer com bolhas nos pés, principalmente pelo fato de ter treinado sem ter amaciado corretamente as peças. 

Questionado pela forma física e pelo desempenho abaixo do esperado, Ronaldo expôs o problema e criou uma situação embaraçosa. Mais uma vez, tornou-se emblemática a imagem do atacante andando de chinelos na concentração de equipe por conta das bolhas nos calcanhares.

O último empecilho no caminho da equipe foi a "mãe" da Cafusa. A Jabulani, bola criada pela Adidas para a Copa do Mundo de 2010, foi amplamente criticada pelos jogadores ainda antes do início da competição na África. "É como uma dessas bolas que se compra no supermercado", disse Júlio César, goleiro do time de Dunga na época.

A Jabulani, é bem verdade, não foi um problema só da seleção brasileira. Antes e durante a Copa, ela foi protagonista e sofreu bastante nas entrevistas de diversos jogadores do Mundial, especialmente os goleiros. Em campo, Júlio César foi um dos maiores atingidos, já que a capacidade que a bola tinha de mudar de direção no ar foi apontada como uma das razões para o primeiro gol da Holanda na eliminação brasileira, nas quartas.

Dessa vez, a Adidas parece ter se preparado melhor para a situação. Anunciada no ano passado, a Cafusa já foi testada no Mundial de Clubes do ano passado e atravessou o torneio ilesa. Neste início de preparação na seleção brasileira, ela também não foi alvo de nenhuma crítica mais ríspida.

"Como o Jefferson falou, ela é mais leve, mas bem pouco. Não quero falar sobre isso. A última que vez que eu reclamei não trouxe muitos benefícios para o Brasil. Queria pular essa pergunta. Treinamos bem pouco com ela", disse Júlio César em entrevista coletiva, logo no primeiro dia de trabalho com a bola.

Até a última terça, só os goleiros da seleção haviam tido contato com a Cafusa. Por conta do patrocínio da Nike, a CBF preferiu iniciar a preparação para a Copa das Confederações com a bola laranja da marca americana. Júlio César, Diego Cavalieri e Jefferson, no entanto, pediram uma exceção e também puderam trabalhar com o material da Adidas.

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"É mais rápida, muito mais rápida. Tem mais velocidade e isso atrapalha mais o goleiro", disse o preparador de goleiros da seleção, Carlos Pracidelli, em uma comparação específica com a bola da Nike.

Os jogadores de linha tiveram seu primeiro contato com a Cafusa na última terça, já nos últimos dias antes da estreia na Copa das Confederações. Em Goiânia, os reservas fizeram um treino tático em campo reduzido, com troca de passes, chutes a gol e movimentação. Até agora, porém, nenhum deles opinou sobre a novidade.

Pelos números, a avaliação da Cafusa deveria ser diferente da Jabulani. A bola de 2010 é mais pesada (440g contra 420g) e tem uma circunferência maior (69cm contra 68cm) que a Cafusa.

Além disso, tinha apenas oito gomos, que tinham por objetivo reduzir a superfície de contato com o ar. Com isso, a bola tornava-se suscetível a interferências em sua trajetória. Por isso, a Cafusa foi remodelada e volta ao modelo de 32 gomos, estabilizando, ao menos em teoria, o material. 

*Colaborou Paulo Passos

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