Governo do RJ quer R$ 7 mi por ano para privatizar Maracanã; clubes não podem disputar

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • AFP PHOTO / FIFA

    Administração do Maracanã passará para a iniciativa privada após a Copa das Confederações

    Administração do Maracanã passará para a iniciativa privada após a Copa das Confederações

O governo do Rio de Janeiro divulgou nesta segunda-feira as primeiras informações sobre o processo de privatização do Maracanã. A administração do estádio será repassada à iniciativa privada no ano que vem, antes da reinauguração da arena, prevista para fevereiro. Pela concessão, o Estado do Rio de Janeiro ganhará cerca de R$ 7 milhões por ano.

Esse é o valor aproximado da outorga anual do estádio. Além disso, a empresa que ganhar a concessão do Maracanã terá de arcar com investimentos de cerca de R$ 469 milhões no complexo esportivo do estádio. A arena Maracanã em si não passará por outras obras.

Obras da Copa
Obras da Copa

Segundo o governo, nenhum clube de futebol poderá disputar a concessão do estádio, que deve ser feita por um contrato que terá duração de 35 anos. Estará liberada, no entanto, a associação de clubes e empresas interessadas no estádio desde de que essa parceria não dê direitos exclusivos a um time sobre o Maracanã.

"Não queremos que o Maracanã seja de um clube A ou clube B", disse o secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Regis Fitchner. "Não faz sentido que um clube tenha exclusividade sobre um estádio que é um templo do futebol."

Fitchner é o secretário estadual que está à frente do processo de concessão do Maracanã. Segundo ele, a privatização da administração é necessária para que o estádio e todo seu complexo esportivo atinjam todo seu potencial de conforto e acesso obtidos com a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo.

"A reforma está colocando o estádio em um padrão internacional de conforto, acessos etc.", explicou o secretário. "Agora, vamos modernizar o seu uso, e isso só é possível fazer mediante a sua concessão."

Ficthner disse que as reformas determinadas na concessão incluem a construção de estacionamentos, novos centros esportivos, lojas e um museu do futebol. Tudo isso tornará o Maracanã, além de um complexo esportivo, um grande centro de entretenimento, preparado para receber grandes shows, por exemplo. "O Maracanãzinho vai ter toda sua acústica refeita, vai ganhar arquibancadas novas", disse Ficthner, citando exemplos de mudanças previstas para a área que será privatizada pelo Estado do Rio de Janeiro.

ORÇAMENTO ESTOURADO EM R$ 9 MI

  • Marizilda Cruppe/BBC Brasil

    A reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 já custa R$ 9,1 milhões a mais do que o oficialmente previsto pelo governo do Rio de Janeiro. O contrato firmado para as obras no local passou por uma correção monetária. Com isso, o custo das adequações, que estava estimado em R$ 859,9 milhões, atingiu a marca de R$ 869,1 milhões no final do mês de agosto.

As mudanças devem multiplicar por dez a receita obtida pelo Maracanã, segundo a secretária de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, Márcia Lins. Ela disse que, antes de ser fechado para reforma, o Maracanã gerava um faturamento de cerca de R$ 15 milhões por ano. Após a concessão, a estimativa do governo estadual é que a empresa concessionária obtenha R$ 153 milhões de receita por ano.

Essa mesma empresa deve ter um gasto de cerca de R$ 43 milhões por ano para manter o complexo. Subtraindo esse valor do total da receita e também o valor do outorga anual, a nova administradora do Maracanã deve ter um superávit operacional de R$ 100 milhões por ano.

De acordo com o secretário Ficthner, até o 12° ano de concessão, todo superávit servirá para arcar com investimentos. Depois, toda a sobra da receita será lucro bruto da empresa concessionária. Nos 23 anos restantes da concessão, esse lucro somará cerca de R$ 2,4 bilhões.

Já o estado do Rio de Janeiro terá ganho cerca de R$ 245 milhões com as outorgas durante os 35 anos em que o estádio estará sob controle privado. Esse valor não pagará um terço do total gasto com a reforma do estádio para a Copa do Mundo de 2014. Até agora, o governo do Rio de Janeiro já comprometeu R$ 869 milhões com as obras para o Mundial.

"Em 2008, nós pensamos em fazer um concessão já incluindo a reforma, mas essa conta não fecha. O complexo não dá o retorno necessário para que paguássemos tudo o que precisaríamos fazer", explicou Ficthner, sobre os motivos de só privatizar o Maracanã após as obras para a Copa. "Por isso, resolvemos fazer a concessão após a reforma."

O secretário disse que o modelo de privatização ainda não está completamente definido. Até o dia 8 de novembro, o governo do Rio de Janeiro estará aberto a sugestões para a concessão do Maracanã. No dia 8 do mês que vem, também será realizada um audiência pública para que interessados possam opinar sobre a privatização. Dez dias depois, será lançado o edital de licitação do controle do estádio.

*Atualizada às 15h50

 



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