Reforma do Maracanã supera em R$ 9 milhões previsão de custo
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Marizilda Cruppe/BBC Brasil
Reforma do Maracanã já custa R$ 869,1 milhões. Previsão de custa era R$ 859,9 milhões
A reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 já custa R$ 9,1 milhões a mais do que o oficialmente previsto pelo governo do Rio de Janeiro. Seis meses da reinauguração do estádio, o contrato firmado para as obras no local passou por uma correção monetária. Com isso, o custo das adequações, que estava estimado em R$ 859,9 milhões, atingiu a marca de R$ 869,1 milhões no final do mês de agosto.
ENTENDA O CUSTO DO ESTÁDIO
Valor do contrato até o sexto aditivo | R$ 839,9 mi |
Valor da correção monetária | R$ 29,1 mi |
Total do contrato corrigido | 869,1 mi |
Previsão oficial do custo da obra | R$ 859,9 mi |
Diferença | R$ 9,1 mi |
- Obs: todos os valores foram arredondados na primeira casa decimal
COMPROVANTE DA CORREÇÃO
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Extrato publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro comprova correção do contrato
Até a aplicação da correção monetária, o custo oficial da reforma do Maracanã era de aproximadamente R$ 839,9 milhões. Esse é o valor que consta do sexto aditivo feito no contrato entre o governo do Rio de Janeiro e o Consórcio Maracanã – Rio 2014, responsável pela obra.
Esse aditivo foi assinado no final de julho para adequações de materiais usados na obra. Apesar dele, o custo da reforma continuava dentro da previsão oficial.
Um mês depois, o governo do Rio de Janeiro fez um apostilamento no contrato. No apostilamento, ele atualizou monetariamente o acordo feito com o Consórcio Maracanã – Rio 2014 e somou cerca de R$ 29,1 milhões aos valores acordados para a reforma. Como o custo da obra já estava em R$ 839,9, seu valor atualizado chegou aos R$ 869,1 milhões.
O custo foi confirmado na quinta-feira pelo secretário de Obras do Estado do Rio de Janeiro, Hudson Braga. O secretário é quem assina pelo governo todos os contratos, aditivos e apostilamentos referente à reforma do Maracanã para a Copa do Mundo.
Apesar de Braga ter confirmado que o custo da reforma do Maracanã já atingiu os R$ 869,1 milhões, sua secretaria havia negado o reajuste do valor dias antes. No dia 27 de agosto, dia em que o extrato do apostilamento do contrato do Maracanã foi publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o UOL Esporte questionou o órgão sobre o apostilamento.
A Secretaria de Obras informou via sua assessoria de imprensa que, apesar da correção monetária, o custo da reforma continuava o mesmo: R$ 859,9 milhões. A mesma resposta foi dada pelo Consórcio Maracanã, formado pela Andrade Gutierrez e a Odebrecht.
Aditivo
Cerca de um mês antes, o UOL também pediu à assessoria de comunicação da secretaria mais informações sobre o sexto aditivo do contrato de reforma o Maracanã. Foi informado de que uma cópia do documento deveria ser solicitada por meio de um pedido baseado na Lei de Acesso à Informação. Por essa lei, o Poder Público tem 20 dias úteis para responder qualquer questionamento feito por um cidadão.
REQUERIMENTO NÃO RESPONDIDO
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Reprodução mostra pedido do UOL sobre aditivo do contrato de reforma do Maracanã
Como recomendou a Secretaria de Obras, o UOL, por meio do repórter Vinicius Konchinski, protocolou o requerimento pedindo uma cópia do sexto aditivo do contrato do Maracanã no dia 26 de julho. O prazo legal para resposta expirou no último dia 23. A secretaria não respondeu.
Na quinta-feira, o UOL Esporte entrou em contato com o funcionário Adenilton da Silva, da subsecretaria executiva da Secretaria de Obras . É ele quem cuida do pedido. Segundo Silva, a resposta ainda aguarda a assinatura do secretário para ser liberada.
Mais pedidos
Órgãos de controle também já solicitaram à secretaria informações sobre os aditivos do contrato. O Ministério Público Federal informou que enviou um ofício no último dia 22 pedindo esclarecimentos sobre os documentos. O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) também já solicitou o quinto e o sexto aditivo ao governo.
Já o Tribunal de Contas da União (TCU) informou que vai analisar o apostilamento de correção monetária do contrato do Maracanã em um processo aberto em abril deste ano justamente para acompanhar o repasse de verbas do BNDES para a obra do estádio.
Nenhum desses órgão quis falar sobre o custo da obra e a legalidade das alterações contratuais pois os documentos ainda estão em análise.
Histórico
Inicialmente, a reforma do Maracanã custaria R$ 705 milhões. Esse é o valor do primeiro contrato firmado entre o governo do Rio e Consórcio Maracanã, em agosto de 2010. Naquela época, o consórcio era formado pela construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta.
Desde então, o contrato para a reforma já teve seis mudanças. A terceira delas foi feita, inclusive, por determinação do TCU. Com ela, o tribunal conseguiu reduzir em R$ 163 milhões o custo da obra do estádio, que poderia chegar a R$ 957 milhões.
Depois disso, outros três aditivos foram feitos ao contrato. Em julho deste ano, uma alteração foi feita para a retirada da construtora Delta do Consórcio Maracanã. A empresa teria ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira, que está sendo investigado por uma CPI no Congresso.