Seleção apela ao charme de Neymar para buscar paz com os críticos

Fernando Duarte

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

Assim como no gramado, Neymar precisou correr contra o tempo nesta quarta-feira, em uma entrevista na Granja Comary. Como a viagem da seleção brasileira para Fortaleza está marcada para o início da tarde, a CBF fixou em 30 minutos a sessão de perguntas para o atacante, 15 a menos do que o habitual. Tinha até um cronômetro para controlar o tempo.

A meia-hora, com um pequeno estouro de quatro minutos, porém, foi suficiente para que Neymar cumprisse uma ofensiva de charme cronometrada. Com o seu principal nome distribuindo risadas e frases de efeito, a seleção tentou instaurar alguma paz antes da partida de sexta-feira contra a Colômbia, pelas quartas-de-final da Copa do Mundo.

Diante de um festival de perguntas que variaram do estado psicológico da seleção a uma disputa pelo estrelato do Mundial com o colombiano James Rodriguez, Neymar foi o menino de ouro de que a CBF precisava em sua operação para arrefecer os ânimos. Era uma resposta à atrapalhada tentativa de uma "reunião de cardeais" de Luiz Felipe Scolari com jornalistas escolhidos a dedo por ele e a entidade. Neymar não decepcionou e chamou a mesma responsabilidade que segue carregando quando calças as chuteiras.

Nas suas respostas, defendeu a psicóloga Regina Brandão e recomendou visitas a profissionais da área como medida geral de bem-estar não apenas para jogadores de futebol. "Eu nunca tinha feito nada deste tipo e estou gostando bastante. Não é só no esporte, não somos só nós temos que usar a psicologia. Recomendo para vocês também. Você sai mais leve, sai bem para a vida. Estou aprendendo muita coisa, ela (Regina) tem nos ajudado", disse Neymar.

Sempre com a risadinha que pontua o final de suas declarações, ele, mais uma vez, disse desdenhar da pressão sobre seus ombros numa seleção em que é a principal referência (e ainda o responsável por marcar metade de seus gols no torneio). "Não me sinto nunca sobrecarregado. Dentro e fora de campo eu, tenho companheiros que me ajudam, que roubam a bola, outros fazem gol e outros dão passes. É uma seleção brasileira que temos aqui.  Não tem um cara só", afirmou.

Houve, é claro, momentos de saia-justa, em que o jogador mostrou irritação. Numa pergunta sobre a falta de alegria na seleção, Neymar debochou do jornalista Celso Cardoso, da TV Gazeta de São Paulo. "Alegria sempre teve. Você não está em campo jogando, por isso você não sabe", disparou Neymar.

Ele também mostrou pouca paciência com pergunta sobre as dores no joelho e na coxa que sentiu após a partida contra o Chile. "Já acabei de falar que estou bem. Se estou bem é porque não sinto dores", disse o atacante do Barcelona, dessa vez com um meio-sorriso.

Neymar compensou esses momentos com outros de "ginga" verbal. Até "encarnou" Romário na hora de dizer que a responsabilidade de quebrar a maldição brasileira como anfitrião do Mundial vira brincadeira de criança para ele. Ecoando a famosa frase de Romário, que em 1994 disse encarar a Copa com uma pelada na Vila da Penha, Neymar disse que o medo de ser "zoado" por colegas de profissão fala mais alto que esperança da torcida.

"Temos de jogar como se estivéssemos jogando contra amigos. Você não quer perder para não ser zoado. Se não ganhássemos do Chile, o Alexis (Sanchez, atacante do Chile), iria me zoar. Não poderia perder, tinha que vencer. Agora, eu vou zoar ele. A gente precisar desfrutar deste momento de estar jogando a Copa do Mundo em casa, no nosso quintal".

 

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