Dois anos com Mano atrapalharam conjunto brasileiro contra a Espanha, diz Pelé
Samir Carvalho
Do UOL, em Santos (SP)
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Reprodução
Pelé vê Copa das Confederações como processo de preparação para o Mundial
Pelé diz acreditar que os dois anos da seleção brasileira sob o comando do técnico Mano Menezes atrapalharam no conjunto do time e, inclusive, podem influenciar na decisão da Copa das Confederações, diante da Espanha, neste domingo, às 19h (de Brasília), no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
"Nós não temos o conjunto que a Espanha tem. O Brasil teve dois anos nas mãos do Mano (Menezes), experimentou muitos jogadores e não fez uma base. Essa é a diferença", afirmou Pelé em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
O Rei do Futebol não vê obrigação de o Brasil conquistar o título, pois afirma que a Copa das Confederações também faz parte do processo de preparação para a Copa do Mundo de 2014.
"A Espanha está muito bem. Nós temos que entender que se não formos campeões, não importa, pois vamos preparar o time para a Copa do Mundo", disse.
Pelé pede para a torcida brasileira entender o processo de adaptação da seleção e, inclusive, aproveita para fazer uma brincadeira em relação ao fato de Neymar ter passado a vestir a camisa 10 na seleção.
"Desde o começo estou pedindo para o povo brasileiro entender e não vaiar a seleção brasileira para não prejudicar a formação. Uma coisa de bom temos: uma base boa. Esses jogos serviram para mostrar isso. Uma brincadeira que faço é que a melhora da seleção e do Neymar é porque ele passou a jogar com a camisa 10. Temos que dar esse tempo para a seleção".
Nesta semana, Pelé adotou um tom crítico ao falar sobre Copa do Mundo e também sobre a série de protestos que tem acontecido no país. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o Rei do Futebol declarou apoio aos manifestantes, criticou a construção de estádios e até revelou que boicotou o Mundial da Alemanha Ocidental, em 1974, como forma de protesto contra a ditadura.
"Pediram para eu voltar para seleção, eu não voltei. Eu já tinha me despedido do Santos, mas eu estava bem demais. Mas o Geisel (presidente da República entre 1974 e 1979), a filha dele, veio falar comigo, para eu voltar e jogar a Copa de 74. Por um único motivo não aceitei: estava infeliz com a situação da ditadura no país. Estava preocupado com o momento. Em apoio ao país, eu recusei, pois estava muito bem (físico e técnico) e poderia jogar em alto nível", declarou Pelé.