Quatro cidades da Copa terão mais vagas em estádios do que em hotéis
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Alan Marques/Folhapress
Brasília implodiu dois hotéis no final de 2011; governo cogita hospedar turistas em camping
A Copa do Mundo de 2014 é vista pelo governo como uma oportunidade de alavancar o turismo no país. Entretanto, em quatro das 12 sedes do torneio, se os estádios que receberão jogos do Mundial da Fifa forem ocupados só por visitantes, não haverá lugar em hotéis para que eles possam se hospedar antes ou depois das partidas.
Essas cidades são Brasília, Cuiabá, Fortaleza e Manaus.
Hoje, a atual capacidade da rede hoteleira de oito das 12 sedes da Copa (Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Natal, Salvador e Recife) é menor do que a capacidade de público do estádio da cidade que será usado no torneio. Somente Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Rio e de Janeiro têm mais vagas em hotéis do que em suas arenas do Mundial.
O governo federal prevê que, até 2014, Belo Horizonte, Natal, Salvador e Recife já tenham uma capacidade hoteleira mais que suficiente para atender aos turistas da Copa. No entanto, mesmo com os investimentos já programados até o Mundial, Brasília, Cuiabá, Fortaleza e Manaus continuarão com menos vagas em hotéis do que nas arquibancadas de seus estádios.
CONHEÇA A CAPACIDADE DOS ESTÁDIOS E DA REDE HOTELEIRA DA COPA
Cidade-sede | Leitos em hotéis hoje | Leitos em hotéis em 2014 | Capacidade do estádio |
São Paulo | 170 mil | 173 mil | 67,5 mil (Itaquerão) |
Rio de Janeiro | 126 mil | 142 mil | 79 mil (Maracanã) |
Belo Horizonte | 48 mil | 71 mil | 62,3 mil (Mineirão) |
Porto Alegre | 62 mil | 69 mil | 50 mil (Beira-Rio) |
Salvador | 54 mil | 60 mil | 55 mil (Fonte Nova) |
Fortaleza | 40 mil | 55 mil | 63,7 mil (Castelão) |
Curitiba | 46 mil | 54 mil | 43 mil (Arena da Baixada) |
Brasília | 51 mil | 53 mil | 72,7 mil (Mané Garrincha) |
Recife | 40 mil | 51 mil | 46 mil (Arena Pernambuco) |
Natal | 38 mil | 43 mil | 42 mil (Arena das Dunas) |
Manaus | 17 mil | 20 mil | 43,7 mil (Arena Amazônia) |
Cuiabá | 14 mil | 18 mil | 44,3 mil (Arena Pantanal) |
- Fonte: Ministério do Esporte (dez/2012)
Na capital do Amazonas e de Mato Grosso, a quantidade de vagas nos hotéis não chegará à metade da dos estádios que estão sendo construídos para a Copa. A Arena Pantanal, de Cuiabá, por exemplo, poderá receber até 44 mil torcedores. Os hotéis da cidade, porém, estarão preparados para abrigar 18 mil pessoas.
A estimativa da capacidade da rede hoteleira cuiabana foi divulgada no final de 2012 pelo Ministério do Esporte. A previsão está baseada em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ministério do Turismo.
De acordo com esses números, os hotéis de Manaus estarão prontos para receber até 20 mil turistas em 2014. Esse número, porém, é menos de 45% da quantidade de torcedores que poderão assistir a um jogo da Copa na Arena Amazônia (44 mil).
Sinal amarelo
O déficit de acomodação em alguns cidades-sede do Mundial já despertou a preocupação da Fifa. Em sua última visita ao Brasil, no final do ano passado, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, admitiu que algumas capitais não terão como hospedar todos os turistas que devem visita-las durante a Copa de 2014.
Valcke pediu uma solução. Segundo ele, era preciso garantir que torcedores que assistirão a jogos em locais sem hotéis suficientes tenham a sua disposição voos para que possam viajar a outros cidades com mais leitos.
Para resolver essa questão, foi criado um grupo de trabalho com representante do governo federal e da Fifa. De acordo com o Ministério do Esporte, esse grupo "faz um monitoramento detalhado da situação nas cidades-sede". Com as informações, ele deve preparar um plano operacional para a acomodação dos turistas.
Para o governo, entretanto, "com base na oferta já existente na hotelaria, na construção de novos empreendimentos e na expectativa de movimentação durante a Copa do Mundo de 2014, o parque hoteleiro será suficiente para atender os turistas."
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Cidades-sede
Procuradas pelo UOL, as quatro cidades-sede que terão menos vagas em hotéis do que em seus estádios minimizaram a preocupação com sua rede hoteleira.
Sobre Cuiabá, a Secopa-MT (Secretaria Estadual Extraordinário da Copa do Mundo) informou que implantou no Estado um programa de Cama e Café. Por ele, o governo vai cadastrar imóveis na capital e seus arredores com condições para receber turistas. Membros do Rotary, um clube de serviço social, também firmaram um acordo com o governo e estarão disponíveis para abrigar torcedores que forem à cidade.
Em Manaus, a UGP Copa (Unidade Gestora do Projeto Copa do governo estadual) estima que só 25% do público dos jogos seja de turistas. Por isso, a rede hoteleira existente hoje já seria suficiente para abriga-los. Mesmo assim, o órgão informou que "governo e Prefeitura de Manaus vão implementar ações para aumentar a capacidade hoteleira na cidade".
Já em Brasília, o governo do Distrito Federal informou que se articulará para oferecer aos turistas meios de hospedagem alternativos, inclusive em campings. A Secretaria Estadual de Turismo ressaltou também que "a Fifa exige uma disponibilidade de quartos de 30% da capacidade do estádio e hoje Brasília já conta com essa oferta."
A Secretaria Especial da Copa 2014 do Ceará informou que Fortaleza tem uma capacidade hoteleira maior do que a estimada pelo governo federal. Segundo o órgão, seriam 64.209 leitos na capital e região, "quase 20 mil a mais da expectativa da Fifa". "Portanto, a cidade tem condições de atender com conforto e tranquilidade todo o fluxo de turistas esperado", complementou o órgão.