Donos de empreendimentos localizados ao redor dos estádios da Copa do Mundo temem as restrições que a Fifa irá impor durante os jogos do torneio. O UOL Esporte ouviu empresários que têm bares, restaurantes e lojas que poderão ficar situados na área de restrição comercial prevista pela Lei Geral da Copa.

Segundo a lei, a organização do Mundial tem direito de impedir que outras empresas que não as suas patrocinadoras façam campanhas de marketing ao redor dos estádios durante o Mundial. A área de restrição pode chegar até a um raio de 2 km em volta das arenas.

Nenhum empresário ouvido pelo UOL Esporte diz ter sido procurado pela Fifa até agora. A entidade informa que entrará em contato com os donos dos empreendimentos que ficam próximos aos estádios para explicar as regras que irão vigorar durante o torneio.

"Se alguém quiser fazer uma proposta, podemos conversar. Mas não aceito pressão", afirma Márcio Alessandro Rodrigues, dono da Furnas Churrascaria, que fica próxima à arena Pantanal, em Cuiabá. Se o Mundial fosse hoje, o estabelecimento não teria problemas, já que expõe a marca da Coca-Cola, uma das patrocinadoras da Fifa.

A gigante norte-americana já está investindo para ter exclusividade na exposição de sua marca ao redor das arenas. Na entorno do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, que receberá a final o Mundial, bares e restaurante estão recebendo toldos, placas de publicidade e cadeiras da Coca-Cola e da Ambev.

Dois bares exatamente em frente ao Maracanã trocaram neste mês seus toldos que tinham marcas de cervejas por toldos patrocinados pela Coca-Cola. Também receberam mesas e placas de publicidade. Tudo de graça, sem nenhum tipo de contrapartida. Em uma esquina de uma rua que dá acesso ao estádio, quatro estabelecimentos, um ao lado do outro, tiveram seus toldos trocados por patrocinadores da Copa: três toldos novos foram pagos pela Coca-Cola e outro pela Brahma, cerveja da Ambev.

Em frente ao Beira-Rio, estádio que receberá os jogos da Copa em Porto Alegre, funciona uma concessionária da Chevrolet, rival das montadoras coreanas Kia e Hyundai, patrocinadoras da Fifa. A empresa não poderá fazer nenhum tipo de publicidade durante o evento fazendo referências ao Mundial.

"Não recebemos nenhuma instrução de como agir ou deixar de agir caso aja alguma restrição. Agora esconder o nome da marca que é tradicional e tem quase 50 anos nesse ponto, com certeza, será um grande prejuízo", afirmou Ari Nunes, gerente comercial da concessionária.

A situação é semelhante à do empresário Igor Peixoto, proprietário de uma unidade da escola de inglês Wizard, que fica em frente à Arena das Dunas, em Natal. A Wise Up, concorrente da empresa de franquia de Peixoto, é patrocinadora da Copa.

"Eu pretendo fazer uma ação durante a Copa. Nem que seja reunir os alunos", afirma o proprietário da escola. "Claro que me incomodaria se tivesse que tirar a marca, sendo que estamos há mais de 10 anos aqui", completa.