Odebrecht volta a usar cinco guindastes em obra após acidente no Itaquerão

Guilherme Costa e Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

Cinco guindastes do Itaquerão voltaram a ser utilizados para levantar peças no canteiro de obras do estádio corintiano que está sendo construído na zona leste da capital. Os equipamentos foram liberados nesta quarta-feira pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, que havia proibido a utilização das máquinas após o acidente de 27 de novembro que causou a morte de dois operários

Ao todo, a obra utilizava nove guindastes. O maior deles caiu quando içava a última parte da cobertura da arena no dia 27. Os outros três equipamentos que continuam interditados ainda não podem voltar a operar porque, na avaliação dos técnicos do Ministério do Trabalho, precisam de reparos. A Odebrecht se comprometeu a cumprir a determinação dos técnicos e aguarda uma nova vistoria do Ministério do Trabalho para que esses três equipamentos também voltem a ser utilizados na obra. A Superintendência Regional informou que os auditores devem visitar o canteiro de obras amanhã à tarde para avaliar os guindastes.

Engenheiros da construtora estão preparando um plano de retirada da peça e do guindaste que caíram no dia 27. Este planejamento também deve ser acompanhado pelo Ministério do Trabalho antes que a estrutura seja levada para outro lugar. Por enquanto, 5% da área total do novo estádio segue interditada. Os operários não estão trabalhando em um trecho da arquibancada Leste, que foi abalado pelo acidente.

"São duas frentes de interdição: o guindaste do acidente e os equipamentos que não se envolveram no acidente", disse a chefe da Seção de Segurança e Saúde no Trabalhador da Superintendência, Viviane de Jesus Forte. "O guindaste do acidente continua da forma como está. Estamos esperando a empresa elaborar o plano de trabalho para remover o guindaste e a estrutura danificada", completou.

A vistoria do Ministério do Trabalho encontrou outro problema nas obras da Arena Corinthians: o excesso de horas trabalhadas pelos funcionários que estão construindo a arena. O operador do guindaste que tombou, José Walter Joaquim, 56, estava trabalhando havia 18 dias sem folga. Em depoimento à Polícia Civil, no inquérito que apura as causas da tragédia, Joaquim negou que o acidente tenha sido provocado por falha humana e disse que, ao sentir uma trepidação no equipamento, tentou fazer uma manobra para equilibrá-lo.

"Não estamos discutindo a legalidade, mas as horas extras levam à exaustão. Eles precisam contratar mais gente", disse o superintendente regional do Ministério do Trabalho em São Paulo, Luiz Antônio Medeiros. "Quarenta e quatro horas semanais é o certo. Eles fazendo 52 horas ou mais." Segundo Medeiros, o assunto já está sendo discutido com a Odebrecht e as empresas terceirizadas que trabalham na obra. 

ITAQUERÃO TINHA INAUGURAÇÃO PREVISTA PARA JANEIRO

  • Divulgação

    Com um custo estimado de R$ 1 bilhão, o Itaquerão tinha previsão de entrega para dezembro e inauguração para janeiro. O estádio estava com 94% das obras concluídas. O Itaquerão será sede da partida de abertura da Copa do Mundo. O Brasil fará o jogo inicial do torneio, contra adversário não definido. Para ser a abertura do torneio, o Itaquerão teve que aumentar a sua capacidade para 69.160 lugares apenas para a Copa do Mundo.

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