Semifinal pode servir para seleção apagar vaias recentes no Mineirão

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Belo Horizonte

  • Wagner Carmo/VIPCOMM

    Neymar após o fim da partida entre Brasil e Chile, quando ele foi vaiado pelo Mineirão lotado

    Neymar após o fim da partida entre Brasil e Chile, quando ele foi vaiado pelo Mineirão lotado

Na próxima quarta-feira, a seleção brasileira vai precisar do apoio da torcida mineira para bater o Uruguai pela semifinal da Copa das Confederações. Para isso, no entanto, terá de superar um possível clubismo e fazer mais do que em suas duas últimas passagens pelo Mineirão, quando recebeu vaias marcantes em sua história recente.

A mais dura delas foi a de abril deste ano, marcante por ter atingido em cheio o time que hoje está em boa fase e animado para tentar a conquista da Copa das Confederações. Na ocasião, o Brasil ainda vivia um tabu contra agrandes seleções e ainda não havia convencido sob o comando de Luiz Felipe Scolari.

O empate por 2 a 2 contra o Chile frustrou o novo Mineirão que, lotado, vaiou duramente a seleção e especialmente Neymar.

"As [expectativas são as] melhores possíveis. A gente quer melhorar a imagem que deixou depois do jogo contra o Chile. Eu não estava no jogo, mas acompanhei de fora e pode ter certeza que a gente vai fazer de tudo para que eles possam ter um jogo iluminado e feliz", disse Thiago Silva, que não pôde ser chamado por não se tratar de uma data Fifa.

O amistoso contra o Chile fez parte dos festejos de reinauguração do Mineirão, especialmente reformado para a Copa do Mundo de 2014. A última passagem da seleção pelo estádio havia sido em 2008, há cinco anos, igualmente ruim para o público.

Na ocasião, a seleção de Dunga, ainda em formação, empatou por 0 a 0 com a Argentina com Adriano no ataque e Anderson e Julio Baptista na armação. Nada deu certo, Lionel Messi assustou e o técnico ouviu o coro de "Adeus, Dunga". Foi o golpe mais duro que o hoje técnico do Inter recebeu da torcida brasileira em seus quatro anos na seleção.

Para sorte de Felipão, nesta quarta o cenário deve ser um pouco distinto. Apesar da proximidade das vaias de abril, a seleção vem de uma turnê pelo Nordeste que revigorou a relação entre a torcida e o time. Tanto no Castelão, em Fortaleza, como na Fonte Nova, em Salvador, o Brasil foi muito aplaudido e apoiado pelo público.

"Eu, que sou mineiro, conheço nosso povo caloroso e respeitador. Que ele incentive nossa seleção como sentimos aqui em Salvador, em Fortaleza, porque realmente mexeu com a gente. Nos motivou muito e eles fizeram parte dessa vitória", disse o atacante Fred, autor de dois gols na vitória por 4 a 2 sobre a Itália, no último sábado. 

O problema é que o clubismo do público local pode pesar. Ronaldinho Gaúcho, grande estrela do Atlético-MG, foi barrado por Felipão, que ainda deixa Réver, Jô e Bernard no banco e não chamou nenhum cruzeirense para a Copa das Confederações. O assunto já preocupa o treinador, que pede que o sentimento seja evitado em prol da seleção

Um dos principais estádios do país, o Mineirão não costuma ser um palco tão favorável à seleção brasileira, embora o retrospecto geral (15 vitórias, quatro empates e duas derrotas em 21 jogos) não seja dos piores. Foi no estádio de Belo Horizonte que o Brasil perdeu um amistoso contra o Atlético-MG, em 1969, meses antes da conquista do tri no México.

De vermelho, cor da Federação Mineira de Futebol, o time de Dadá Maravilha jogou a sério contra Pelé e companhia e venceu por 2 a 1. O folclórico atacante, barrado por Saldanha, marcou o gol decisivo e, com isso, aumentou ainda mais a pressão que acabaria por derrubar o técnico da seleção.

Seis anos depois, novo tropeço do Brasil no Mineirão. Em 1975, um combinado mineiro disputou a Copa América daquele ano representando a seleção brasileira. O torneio não teve sede fixa, mas a equipe verde-amarela mandou todos os seus jogos em Belo Horizonte.

Depois de vitórias contra Argentina e Venezuela (2 a 1 e 6 a 0), o Brasil perdeu por 3 a 1 pelo Peru de Cubillas. Como tinha ganhado em Lima, a seleção disputou e perdeu a vaga no cara ou coroa, e veria os algozes peruanos ganharem o torneio semanas depois. 

 

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