Veteranos tiram peso das costas de Neymar e ajudam atacante a brilhar
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Belo Horizonte
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Paulo Whitaker/Reuters
David Luiz e Neymar deixam o campo abraçados; zagueiro é um dos que servem de escudo ao atacante
Neymar começou a Copa das Confederações encantando parte do seu bom desempenho se deve à responsabilidade que ele não tem dentro da seleção. Acostumado a tomar ser cobrado como um líder de elenco, o camisa 10 do Brasil tem sido poupado dessas questões por companheiros mais veteranos, que veem nisso um dos trunfos para o atacante.
"O Ney sabe da responsabilidade dele, da importância, e sabe onde ele tem de marcar diferença e onde ser um líder. Fora de campo ele não tem de pegar essas responsabilidades, até porque tem outros jogadores na frente dele em relação a isso. Cada jogador sabe seu poder em relação ao grupo", disse Daniel Alves, na última sexta.
"Eu, como capitão, passo para ele que ele tenha tranquilidade. Digo sempre para ele: 'Você vai para frente e eu vou correr por você, eu tenho prazer de correr por você. Eu sei que você vai fazer diferença'. Ele se sente muito tranquilo jogando com esse grupo. Quando você tem a habilidade do Neymar e joga relaxado, só tem isso para acontecer, ganhando os jogos", disse Thiago Silva, após a vitória sobre a Itália.
"Aqui um protege o outro. No caso do Neymar, nós, os mais experientes, temos a obrigação dar essa proteção. Eu, Thiago Silva, Daniel Alves e o Júlio César vamos fazer o que pudermos para ajudar o Neymar", disse David Luiz, há uma semana.
O grupo dos veteranos impede que o camisa 10 fique exposto. Na atual seleção, Neymar pode se esquivar de críticas a seu rendimento, não tem de dar explicações sobre seu futuro profissional e vê, de longe, os colegas tomarem a frente em questões importantes do dia a dia da seleção.
O cenário é bem diferente daquele que Neymar vive tradicionalmente. No Santos, o atacante era o primeiro herdeiro da faixa de capitão de Edu Dracena, enquanto na seleção ele está longe de uma lista que tem Thiago Silva, David Luiz e Fred como escolhidos de Felipão.
Na Vila Belmiro, igualmente, era ele quem mais dava satisfações quando o time ia mal. Não por acaso, em 2012 ele chegou a reclamar dos companheiros ao dizer que não podia decidir sozinho. Até mesmo na seleção seu status é diferente em relação a competições anteriores.
Em 2011, na Copa América, Neymar já era uma da estrela da companhia, mas não tinha esse apoio maciço do elenco. Ficou marcada naquela competição a bronca pública de Lúcio, representante dos veteranos do time, que em meio a uma crise interna pediu que os jogadores se preocupassem mais "com o símbolo na frente do que com o número atrás".
Neymar
Um ano depois, nas Olimpíadas, seu status de astro era ainda maior dentro de uma seleção sub-23. Durante todo o torneio, Neymar foi cobrado pelo desempenho mediano, sofreu duras críticas da torcida londrina por ser "cai-cai" e acabou não decidindo na disputa pela medalha de ouro.
Quando Neymar foi vaiado em abril, no empate com o Chile, Thiago Silva tomou as dores do colega. "É muito triste que um dos maiores jogadores do futebol brasileiro nos últimos tempos seja vaiado e chamado de pipoqueiro por nossa própria torcida. Isso me deixa muito chateado, pois sei bem o como é difícil para um jogador chegar até a seleção", disse o zagueiro à época.
A nova estratégia de blindagem tem feito bem a Neymar. Em três jogos, o atacante fez três gols e foi decisivo nas três vitórias do Brasil até agora na Copa das Confederações. Contra a Itália, ele foi, pela primeira vez na carreira, decisivo contra um membro da elite do futebol, feito notável para quem até outro dia era questionado pela própria torcida.
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