Álvaro Arbeloa agradou contra Honduras e deverá ser titular sexta-feira, diante do Chile
Ganhar ou jogar bonito? Se você pensa que essa discussão é “privilégio” da seleção de Dunga, engana-se. Campeã da Eurocopa em 2008, dona de uma campanha irretocável nas eliminatórias, quando venceu todas as 10 partidas que disputou, e favorita para a grande maioria da imprensa mundial, a Espanha se vê diante de críticas fortes vindas do próprio país a respeito da qualidade do futebol apresentado até aqui na Copa do Mundo.
Desde o ex-técnico da equipe, Luís Aragonés, aos jornalistas e comentaristas em geral, todos reclamam que a Espanha não está apresentando o bom futebol que encantou o mundo nos últimos dois anos.
O lateral Álvaro Arbeloa não concorda com as críticas. Ele acredita que o nível de exigência subiu demais após a conquista da Eurocopa, mas em uma grande competição como o Mundial, os jogadores pensam em “ganhar” e não em dar “exibições de jogo bonito”.
“Todos acham que cada partida da Espanha deva ser fantástica e eu não creio que seja esse o caminho. Numa Copa, o jogador está lá para ganhar e não dar exibições plásticas, jogo bonito, essas coisas. Temos um estilo e devemos ser fiéis a ele, mas o importante é ganhar”, disse o defensor da Fúria, em entrevista à agência EFE.
Para Arbeloa, o passado recente da Espanha coloca uma pressão maior do que o normal sobre o time. E nega que o estilo de jogo da equipe tenha mudado desde a conquista de 2008.
“Não mudou nada, mas uma Copa do Mundo é bem mais difícil. Muitas equipes boas, como a França, já voltaram para casa, e outras estão com enormes dificuldades para conseguir as vitórias. Basta ver os jogos nos grupos. Com certeza, se tivéssemos vencido a primeira partida e marcado os gols que habitualmente fazemos, estaríamos falando de outra coisa” declarou, para em seguida citar a vitoriosa campanha e reclamar do nível de exigência atual.
“Fala-se muito da Eurocopa, mas se olharem bem, verão que fizemos uma semifinal e uma final brilhantes, mas nas quartas ganhamos da Itália apenas nos pênaltis. Jogamos um bom futebol, mas não acredito que foi esse nível todo que falam. E a exigência aumentou demais. Ainda falaremos muito do passado”.
A primeira partida do jogador na Copa foi contra Honduras, quando entrou no lugar de Sergio Ramos. Agradou e pode continuar no time, dessa vez no lugar de Capdevilla, que já admitiu “não defender tão bem quanto Arbeloa”. O lateral, por sua vez, elogia o titular e não se vê ainda na equipe que começará a partida contra o Chile, na próxima sexta-feira.
“Eu tinha o sonho de jogar numa Copa, mas ainda não me vejo como titular. O time está bem. Para os que estão fora será muito difícil jogar, mas só pensamos em entrar em campo e ajudar o grupo. Se tivermos sorte de jogar, ótimo, mas acho difícil que ocorram alterações” declarou, também elogiando o atual dono da posição.
”Sabemos como é Capdevila. Defensivamente ele é muito seguro e na frente marca muitos gols. Por isso está há tanto tempo na seleção”.
O treinador Vicente Del Bosque já acenou com a entrada de Arbeloa no time, nas oitavas de final. O lateral prefere não fazer apostas e afirma que qualquer jogador da Espanha está pronto para marcar os craques de Portugal ou Brasil.
“Vejo qualquer um de nossos zagueiros prontos para defender o time contra qualquer atacante. Tanto Sergio Ramos, quanto Capdevila são capazes de enfrentar os melhores. É claro que Portugal e Brasil possuem aptidões ofensivas muito grandes, então quem jogar terá que prestar mais atenção atrás”.
O caminho até a final também não será fácil para a Espanha, apontou Arbeloa, que ressaltou a importância de terminar o grupo em primeiro lugar. O lateral aproveitou para fazer previsões sobre quem acredita que chegará às quartas de final.
“É muito importante vencermos a chave. Se passarmos por Portugal, encontraremos o Paraguai na sequência. É muito melhor do que enfrentar o Brasil e depois a Holanda”.
Sobre as críticas que a seleção vem recebendo, Arbeloa disse que os jogadores estão cientes delas e que a exigência aumentou demais.
“Não basta ganhar os jogos, tem que jogar muito bem. Com as outras seleções, isso não acontece”, disse o lateral, também analisando as palavras do ex-técnico da seleção, Luis Aragonés sobre o desempenho do time na estreia.
“Temos muito carinho por ele e sabemos do seu caráter. Em seu trabalho, ele é pago para dizer o que pensa, não para ser diplomático. Ninguém se sentiu mal com o que ele falou. Todos nós o conhecemos. Ele tem seus pensamentos, suas ideias e devemos respeitar suas opiniões. Está claro que o Vicente Del Bosque está sendo submetido a uma pressão muito grande e é o “rosto” do time. O treinador está sempre na mira de todos e só descansa de verdade quando morre”.
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