Franck Fife/AFP

Domenech lê carta dos jogadores que demonstra insatisfação por corte de Anelka

20/06/2010 - 11h48

Evra briga com preparador, e jogadores se revoltam com federação francesa

Das agências internacionais
Em Paris (França)

A situação na delegação da França está cada vez mais tensa. Um dia depois de Nicolas Anelka ser dispensado da seleção para o restante da Copa do Mundo por insultar o treinador Raymond Domenech, os jogadores fizeram uma reunião neste domingo e decidiram cancelar o treino da tarde. A decisão foi tomada logo depois que o preparador físico Robert Duverne se desentendeu com Patrice Evra e tentou agredir o lateral.

LEIA A CARTA COMPLETA DOS JOGADORES

Por meio deste comunicado, todos os jogadores da seleção da França, sem exceção, querem declarar sua oposição à decisão tomada pela Federação Francesa de Futebol (FFF) de excluir Nicolas Anelka do grupo.

Se nós lamentamos o incidente que ocorreu no intervalo da partida França x México, nós lamentamos ainda mais a divulgação que foi feita de um acontecimento que só cabe a nosso grupo, que fica inerente à vida de uma equipe de alto nível.

A pedido do grupo, o jogador em questão se engajou numa tentativa de diálogo, mas sua tentativa foi ignorada. De seu lado, a FFF não tentou em momento algum proteger o grupo. Ela tomou uma decisão sem mesmo ter consultado o conjunto dos jogadores, unicamente baseada nos fatos relatados pela imprensa.

Em consequência deste ato, para marcar nossa oposição às mais altas instâncias do futebol francês, o conjunto dos jogadores decidiu não participar da sessão de treinamento.

Por respeito ao público que veio assistir a este treino, decidimos encontrar a torcida, que com sua presença, nos traz um apoio sem falhas. De nossa parte, estamos conscientes de nossas responsabilidades, a de portar as cores de nosso país, mas também a que temos perante os torcedores, seus chefes, professores, voluntários e das inúmeras crianças que têm os Bleus como seu modelo.

Não esqueceremos nenhum de nossos deveres. Faremos tudo individualmente, é claro, mas também num espírito coletivo, para que a França, na terça-feira à noite [contra a África do Sul], reencontre sua honra com um desempenho, enfim, positivo.

Os jogadores da seleção da França


Para piorar, o zagueiro Willian Gallas ainda fez gestos obscenos aos jornalistas, e o chefe da delegação, Jean-Louis Valentin, pediu demissão por não suportar a tensão entre os atletas e a comissão técnica.

“Estou aborrecido. Os jogadores não querem treinar. É uma vergonha. Nestas circunstâncias, decidi voltar a Paris e me demitir", disse Valentin, que é dirigente da Federação Francesa de Futebol (FFF).

Depois da confusão envolvendo o lateral, o treinamento foi cancelado e os jogadores voltaram para o ônibus, onde aconteceu uma rápida reunião entre a comissão técnica e os atletas. Cerca de 30 minutos depois, Domenech leu a carta escrita pelo grupo, que demonstrou toda a insatisfação pelo corte do colega Nicolas Anelka (leia a carta ao lado).

A confusão entre Evra e o preparador físico foi testemunhada por torcedores e jornalistas que acompanhavam os trabalhos na cidade Knysna. O lateral conversava com o treinador antes da atividade e Duverne se aproximou do jogador falando alto. O lateral deu as costas para o preparador e foi saudar os torcedores. Ao ser ignorado, o membro da comissão técnica ficou aborrecido e jogou o seu cronômetro no gramado. Os dois foram contidos antes de trocarem agressões.

O clima tenso nos Bleus teve início na última quinta-feira, quando Anelka xingou Domenech no intervalo da partida contra o México. O treinador cobrou o atacante pelo fraco desempenho em campo e acabou ouvindo palavrões do atleta do Chelsea. O L'Équipe estampou em sua manchete os termos usados pelo atleta. “Vá tomar no..., sujo filho da p...” Dois dias depois, o jogador foi dispensado para voltar para casa.

Vice-campeã na Copa da Alemanha-2006, a França volta a campo na próxima terça-feira para enfrentar a África do Sul, no Free State Stadium, em Bloemfontein. Os Bleus precisam vencer os donos da casa para seguirem com chances de classificação às oitavas de final, além de torcer por uma vitória do Uruguai sobre o México, pela última rodada do grupo A.

Panos quentes

Apesar de o preparador físico ter protagonizado uma cena triste, o capitão Patrice Evra negou que Robert Duverne seja o suposto traidor no grupo francês. No sábado, o lateral falou que o "traidor é o verdadeiro motivo da crise que tomou conta da seleção."

“Quero desmentir categoricamente a informação publicada por vários meios de comunicação que divulgaram que a nossa recusa de treinar tenha sido motivada pelo fato de Robert Duverne ser o traidor no grupo”, disse Evra. “Essa informação não é correta, sempre confiamos em Robert, tanto na preparação física como no convívio diário dentro da seleção”, acrescentou.
 

 

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