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Torcedores sul-africanos vibram antes de partida contra o Uruguai em Pretória

16/06/2010 - 20h08

Em dia que lembra o apartheid, negros e brancos sofrem juntos pela África do Sul

Alexandre Sinato e Mauricio Stycer
Em Pretória (África do Sul)

IMAGENS DE ÁFRICA DO SUL X URUGUAI

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    Torcedor agita bandeira sul-africana durante partida

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    Torcida começou a ir embora antes do fim do jogo

No dia em que a África do Sul relembrou a morte do estudante Hector Pieterson, vítima de um confronto com a polícia em manifestação contra o apartheid, brancos e negros sul-africanos sofreram juntos nas arquibancadas do estádio Loftus Versfeld, em Pretória. Mais de 40 mil pessoas gritaram, “vuvuzelaram” e, no fim, saíram frustradas com a derrota por 3 a 0 para o Uruguai.

No entanto, o que se viu foi uma integração improvável há 34 anos, quando o corpo de Pieterson era carregado por outro garoto em cena que se tornou símbolo da luta contra a segregação racial. Os Bafana Bafana concentraram a euforia dos sul-africanos por receber a Copa do Mundo.

Nesta quarta-feira, a euforia aos poucos foi substituída por apreensão, sofrimento e decepção. Os sul-africanos chegaram esbanjando otimismo ao estádio, mas o gol do uruguaio Diego Forlán aos 24min do primeiro tempo mostrou que a noite, dentro de campo, seria de pouca alegria.

A África do Sul pouco ameaçou o gol uruguaio. Talvez por isso, a cada bola na intermediária a torcida começava a gritar. A cada bola na lateral ofensiva, muitos se levantavam, animados. Quando o lance era na entrada da área, então, gritaria nas arquibancadas.

E a gritaria vinha de homens e mulheres, brancos e negros. Sem distinção, como presenciou a reportagem do UOL Esporte a cerca de 15 metros do gramado. Todos se uniam também nas “ordens” dadas aos jogadores. “Defesa, defesa!”, gritavam. “Rápido, rápido”, entoavam outros. “Agora chuta!”, desesperavam-se alguns quando a África do Sul mal havia ultrapassado a linha do meio-campo.

“Apesar da derrota, a partida ainda mostrou que os sul-africanos não dependem apenas das vuvuzelas para torcer. A multidão acompanhou a partida cantando, gritando, vaiando e, sobretudo, apoiando os Bafana Bafana o tempo todo.

Num dos momentos mais bonitos, uma parte do estádio cantou a famosa “Shosholoza”, espécie de hino informal de seleções esportivas da África do Sul, que incentiva os atletas à vitória. Chamou a atenção ver os torcedores com as suas vuvuzelas na mão, mas sem fazer barulho, apenas dando ritmo para a canção, incrementando a coreografia.

Os sul-africanos só se revoltaram com o árbitro suíço Massimo Busacca e o atacante Diego Forlán, autor de dois gols. “Odeio esse cara”, bradou uma senhora de pé em sua cadeira quando o placar mostrou o uruguaio. “O grande problema de hoje foi esse juiz, que veio até aqui estragar nossa festa”, completou o senhor ao lado.

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