04/06/2010 - 08h06

Kaká evita elogios à bola de seu patrocinador, mas usa história para protegê-la

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Johanesburgo (África do Sul)

Kaká, enfim, falou. No 16º dia da preparação do Brasil para a Copa do Mundo, o principal nome do time concedeu sua primeira entrevista coletiva. E a primeira pergunta feita já era mais do que prevista: a Jabulani, bola do Mundial criada pela Adidas, patrocinadora pessoal do camisa 10 da seleção. Em tom diplomático, o meia amenizou o tema. Não fez elogios à Jabulani, mas lembrou o histórico de críticas em edições passadas e citou companheiros que detonaram a bola nos últimos dias.

“Vou amenizar, não vou criticar a bola da Copa. Desde que me conheço como jogador, em todas as competições existiram críticas sobre a bola. Foi assim na Copa das Confederações, na Copa passada, na Copa de 2002... Só que a Copa tem uma proporção e uma intensidade muito grande. Foi criada uma polêmica na primeira semana, mas agora todo mundo está se adaptando”, discursou Kaká, lembrando ainda o gol de Michel Bastos na vitória por 3 a 0 sobre o Zimbábue. “O Michel não reclama.”

O armador de Dunga fez questão de relatar cenas envolvendo Luís Fabiano e Julio Cesar, dois dos ferrenhos críticos da Jabulani. “Já vejo o Luís Fabiano beijando a bola nos treinos, vejo o Julio Cesar a abraçando. Essa é a bola da Copa e espero que com ela a gente seja campeão.”

A entrevista de Kaká nesta sexta-feira foi a mais concorrida desde que a seleção começou a se preparar em Curitiba, no dia 20 de maio (o meia foi o primeiro a se apresentar). Mais de 30 câmeras da imprensa internacional registraram as palavras do camisa 10. A sala usada para a conversa ficou abarrotada de jornalistas.

PALESTRA OFICIALIZA FIM DA PARADINHA

O ex-árbitro argentino Horacio Elizondo, como instrutor da entidade máxima do futebol, deu uma palestra para os jogadores do time nacional do Brasil no hotel da equipe em Johanesburgo.

Uma das preocupações da entidade é passar aos jogadores as novas determinações da International Board que começaram a valer a partir do dia 1º de junho. Para os brasileiros, a que mais interessa é em relação à ‘paradinha’ na hora da cobrança de pênalti, que agora está proibida.

"Ela foi geral, maioria dos jogadores já viu essa palestra outras vezes. A Fifa dá essa palestra, mas sempre tem algumas atualizações. A principal foi sobre a paradinha. Todos os vídeos que mostraram foram do futebol brasileiro, explicando o que se pode ou não fazer na Copa", disse Kaká.

Antes mesmo de Kaká assumir o microfone, Josué, o primeiro a ser entrevistado, foi questionado sobre a bola. E o camisa 10 riu quando o volante argumentou que “existem bolas melhores”.

O armador foi questionado três vezes sobre a bola. Quando um repórter avisou que insistiria em um determinado tema, Kaká indagou: “de novo a bola?”. Mas a pergunta era sobre outro assunto.

A resposta mais esperada de Kaká nesta sexta era justamente sobre a Jabulani. Uma declaração do jogador foi usada em comunicado oficial da Adidas assim que Julio Cesar a criticou. O garoto-propaganda brasileiro não elogiou a bola em momento algum, seja na nota ou na entrevista desta tarde (manhã do horário de Brasília).

No final da entrevista, Kaká segurou uma Jabulani arremessada por um programa de humor. Ao sair da bancada, deu dois beijos na bola, fazendo seu papel de defensor.

A Jabulani já recebeu inúmeras críticas dos brasileiros. Julio Cesar a comparou às bolas de supermercado, usando ainda o termo horrível. Luís Fabiano a classificou como sobrenatural. Felipe Melo foi além. Disse que a bola da Copa parece “uma patricinha: não gosta de ser chutada”. Júlio Baptista também engrossou o coro e lamentou sua utilização no torneio.

O tema fez até Dunga rebater publicamente Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa. O dirigente sugeriu que os brasileiros estavam usando a bola como desculpa. “Se ele [Valcke] jogar e testar a bola vai ter uma opinião diferente. Ele não entrou em campo, não deu um chute, só sabe falar", respondeu o treinador da seleção.

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