23/05/2010 - 07h01

Polivalência cativa Dunga, mas especialistas ainda dominam time titular

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer

Em Curitiba

A gestão de Dunga no comando da seleção brasileira é marcada, desde o seu princípio em 2006, pelo espaço no elenco para jogadores que desempenham mais de uma função tática, os chamados polivalentes. No entanto, às portas da Copa do Mundo, no destino final e prioritário do ciclo do treinador no cargo, a equipe nacional possivelmente apresentará uma formação titular dominada basicamente pelos especialistas de posição.

OS DEZ POLIVALENTES DE DUNGA

	DANIEL ALVES Especialidade: lateral-direito Opção: lateral-esquerdo e meia
	LUISÃO Especialidade: zagueiro central Opção: zagueiro pela esquerda
	MICHEL BASTOS Especialidade: lateral-esquerdo Opção: meia pelos dois lados
	GILBERTO Especialidade: lateral-esquerdo Opção: meia
	FELIPE MELO Especialidade: segundo volante Opção: meia
	KLEBERSON Especialidade: segundo volante Opção: meia
	ELANO Especialidade: meia Opção: segundo volante
	RAMIRES Especialidade: meia Opção: segundo volante
	JÚLIO BAPTISTA Especialidade: meia Opção:segundo volante e atacante
	NILMAR Especialidade: atacante aberto Opção: atacante centralizado

Nomes como Elano e Daniel Alves simbolizam este tipo de perfil, com serviços prestados à seleção de Dunga em postos variados e em momentos importantes. Jogadores como Luisão, Júlio Baptista e Nilmar também tiveram seus respectivos cartéis táticos explorados. Mas, a julgar pelas preferências do chefe no fim das eliminatórias, todas essas peças devem começar o Mundial da África do Sul apenas como opções de banco.

No time titular, prioridade para especialistas, como o definidor Luís Fabiano, o segundo atacante Robinho, o armador Kaká e o marcador nato Gilberto Silva.

Mesmo com este cenário, a turma da polivalência sustenta a esperança de cavar um lugar no time para a Copa. Atrás na briga com Maicon na lateral direita, Daniel Alves surge como candidato para outras duas vagas no time, aquelas em que Dunga não encontrou uma afirmação. São elas a ala esquerda e o 3º homem de meio-campo, posições em que já apareceu em instantes de necessidade com Dunga.

“Pela competividade que existe aqui dentro, cada um buscando seu espaço, uma vaguinha no grupo já é caro. Estou aqui pra contribuir com meu grão de areia para somar e ajudar o grupo no que for necessário. Independente de onde vier a jogar, o que quero é estar no grupo e que ele continue sendo vitorioso”, afirmou Daniel Alves.

O jogador do Barcelona, inclusive, foi usado por Dunga em sua coletiva pós-convocação para ilustrar sua boa vontade com jogadores de potencial tático diversificado.

“Ele nunca se sentiu constrangido por jogar em diversas posições. Esse espírito é o que quero na seleção. Vamos analisar as peças e pode ser que eu use o Daniel em diversas posições”, disse o treinador, no dia 11 de maio após a convocação da Copa.

Mesmo aqueles que vêm jogando como titular nas últimas partidas reivindicam o caráter de polivalente na reta final da luta para iniciar a Copa como um dos 11 eleitos de Dunga. É o caso do lateral Michel Bastos, que atuou como meia na esquerda e na direita na última temporada europeia, pelo Lyon.

“Cheguei à seleção como lateral-esquerdo. No Lyon tenho feito função diferente, lá tenho essa opção de poder jogar dos dois lados, é uma escolha do treinador, mas nesse ano joguei também como lateral-esquerdo. Chego à seleção como lateral, mas uma coisa que me fez chegar aqui foi a polivalência. Estou à disposição para jogar no meio-campo”, disse Michel Bastos, em coletiva sábado em Curitiba, onde a equipe trabalha para o Mundial desde a sexta.

Os primeiros indícios sobre o aproveitamento dos polivalentes na equipe titular devem ser entregues somente na África do Sul, a partir da próxima semana. Em Curitiba, onde a seleção se prepara para a Copa até a quarta-feira, a expectativa é que apenas trabalhos físicos sejam ministrados pela comissão técnica. As primeiras sessões táticas devem vir apenas no país do Mundial.