Após otimismo e 'magia' de 2006, seleção atual não empolga e gera frustração

A expectativa sobre a seleção brasileira antes da Copa do Mundo despencou de 2006 para 2010. Há quatro anos, o “quadrado mágico” espalhava otimismo e esperança de um futebol alegre, ofensivo e que resgatasse a qualidade histórica do país pentacampeão. Agora, o time de Dunga está cercado por um clima de pouca empolgação. A ausência dos jovens talentos do Santos intensificou o cenário, aumentando a frustração da torcida.

Dunga apostou em um time acima de tudo seguro nos quase quatro anos no cargo. O estilo de jogo que caracterizou sua seleção se baseia em uma defesa sólida e em saídas rápidas ao ataque. Quase todos devem recompor e ajudar na marcação. E a velocidade é a maior arma ofensiva. A inspiração fica por conta de poucos.

Kaká é o único “cérebro” do Brasil que vai à Copa na África do Sul. Dos oito meio-campistas convocados na última terça-feira, o jogador do Real Madrid é o principal armador. Os demais se destacam pela marcação, pela dedicação tática ou pelo vigor físico. São os casos de Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué, Kleberson, Elano, Ramires e Júlio Baptista.

As características dos meio-campistas chamados recentemente por Dunga reforçaram o lobby pela presença de Paulo Henrique Ganso na seleção. Ele concentrou até mais expectativas que o companheiro Neymar. A chance para o meio santista, no entanto, apareceu apenas na relação dos sete reservas enviada à Fifa para um eventual problema entre os 23 escolhidos.

“Acompanhei o desempenho deles no Santos. Os dois têm talento, são fantásticos e merecem uma oportunidade agora, mas o desenvolvimento desses jogadores aconteceu em março deste ano. Por mais potencial que tenham, a tendência é que não consigam encarar a pressão da seleção”, argumentou Dunga.

O treinador assegurou não temer ficar marcado como um técnico conservador por não ousar em sua lista. “A minha postura deu resultado desde o início. Cada um tem o direito de falar e opinar, mas eu aposto nas decisões que podem dar mais certo. É um trabalho de três anos e meio, não posso mudar tudo que plantamos e planejamos.”

Os resultados apareceram com Dunga. A seleção conquistou a Copa América, a Copa das Confederações e terminou as eliminatórias sul-americanas na liderança. Mas a animação que existiu foi rara e pontual. O Brasil não conseguiu cativar os brasileiros. O futebol de muita transpiração e pouco brilho da “era Dunga” fica explícito na (inexistente) euforia sobre a seleção.

O treinador tem a seu favor o fracasso da geração de 2006. O time de Parreira chamava a atenção pelo quadrado mágico formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano (ou Robinho). Goleadas na Copa das Confederações de 2005 e na reta final das eliminatórias geraram enorme otimismo. A desorganização geral da seleção, porém, fez a equipe ser eliminada nas quartas de final e fracassar.

Dunga não se importa com o brilhantismo ou sua escassez. Quer ficar marcado como o técnico do hexacampeonato, independentemente de como será a caminhada. “O nosso pedido desde o começo foi por comprometimento, atitude e paixão de vestir a camisa da seleção. Sabemos da responsabilidade.”

OS 23 CONVOCADOS DE DUNGA PARA A COPA DO MUNDO

Júlio Cesar Inter/ITA Goleiro

Doni Roma/ITA Goleiro

Gomes Tottenham/ING Goleiro

Maicon Inter/ITA Lateral	Daniel Alves Barcelona/ESP Lateral	Michel Bastos Lyon/FRA Lateral	Gilberto Cruzeiro Lateral
Lúcio Inter/ITA Zagueiro	Juan Roma/ITA Zagueiro	Luisão Benfica/POR Zagueiro	Thiago Silva Milan/ITA Zagueiro
Gilberto Silva Panathinaikos/GRE Volante	Felipe Melo Juventus/ITA Volante	Josué Wolfsburg/ALE Volante	Kleberson Flamengo Volante
Kaká Real Madrid/ESP Meia	Ramires Benfica/POR Meia	Elano Galatasaray/TUR Meia	Júlio Baptista Roma/ITA Meia
Luís Fabiano Sevilla/ESP Atacante	Robinho Santos Atacante	Nilmar Villarreal/ESP Atacante	Grafite Wolfsburg/ALE Atacante

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