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Elano, Doni, Kléberson, M. Bastos e J. Baptista: alguns dos brasileiros com problemas

11/05/2010 - 19h16

Metade da lista de Dunga sofre com lesões ou reserva na temporada atual

João Botelho
Em São Paulo

Dos 23 convocados pelo técnico Dunga para a Copa de 2010, só 12 são titulares absolutos em seus clubes e não enfrentaram problemas físicos e/ou técnicos sérios durante a temporada. Entre os que atuam do meio-campo para frente, a situação é pior: apenas três tiveram temporadas perfeitas em termos individuais.

OS 'PROBLEMÁTICOS' DA LISTA DE DUNGA

Doni - O goleiro da Roma começou a temporada como titular, mas foi para a reserva do compatriota Júlio Sérgio e hoje é apenas o terceiro do time na sua posição.
Juan - O zagueiro da Roma é titular no clube e na seleção, mas tem sofrido com lesões constantes. Por causa delas, desfalcou a Roma em nove dos 37 jogos no Italiano.
Michel Bastos - Apesar de ter se revelado um artilheiro na reta final desta temporada, o lateral-esquerdo, que joga como meia no Lyon, se reveza entre a titularidade e o banco do time francês.
Gilberto - Repatriado pelo Cruzeiro em 2009, o lateral-esquerdo, que no time joga como meia, teve problemas neste início de 2010 e foi titular em somente 16 jogos entre 26 de Mineiro e Libertadores.
Felipe Melo - Homem de confiança de Dunga, o volante, que tem problemas de indisciplina em campo, caiu de produção na Juventus e chegou a ser eleito o pior jogador do Italiano.
Kléberson - O meia ainda não conseguiu garantir sua vaga no Flamengo. Na Copa Libertadores, foi titular em só metade dos jogos do time e nem atuou em dois, como na partida de ida das oitavas de final contra o Corinthians.
Elano - Outro homem de confiança de Dunga, o meia não tem lugar garantido como titular do Galatasaray, tendo atuado desde o início em apenas 19 dos 31 jogos do time no Campeonato Turco.
Kaká - Craque da seleção, o meia é também quem mais preocupa. Com uma pubalgia, Kaká deslfalcou o Real Madrid em nove jogos do Espanhol neste ano e fez só nove gols na temporada entre Nacional e Champions.
Júlio Baptista - O meia foi titular da Roma em apenas quatro jogos dos 37 da equipe no Italiano. Ao todo, participou de 23 partidas no torneio, mas só fez três gols.
Robinho - Reserva do Manchester City, o atacante decidiu voltar ao Brasil neste ano, mas no Santos teve duas lesões durante o Campeonato Paulista.
Luis Fabiano - Artilheiro da Era Dunga, teve diversas lesões no início deste ano e disputou apenas 13 dos 21 jogos no Espanhol em 2010 com o Sevilla.

Esses 12 são os goleiros Júlio César e Gomes, os laterais Maicon e Daniel Alves, os zagueiros Lúcio, Luisão e Thiago Silva, os volantes Gilberto Silva e Josué, o meia Ramires e os atacantes Nilmar e Grafite. Considerando os mais cotados para a equipe titular de Dunga, são só quatro: Júlio César, Maicon, Lúcio e Gilberto Silva.

Até o dia da convocação final, Júlio César havia disputado como titular todas as 37 partidas da Inter de Milão no Campeonato Italiano. Gomes não chegou a tanto, mas esteve em 31, sempre desde o início, dos 38 jogos do inglês Tottenham no torneio nacional e conquistou com seu time uma vaga na próxima Liga dos Campeões. Doni foi o oposto e só atuou em sete dos 37 confrontos da Roma no Campeonato Italiano, todos como titular.

Entre os laterais, Maicon e Daniel Alves disputaram, respectivamente, 32 das 37 partidas da Inter de Milão no Italiano e 28 das 37 do Barcelona no Espanhol. O primeiro foi titular em todas elas e marcou seis gols, enquanto o segundo só não começou um dos jogos em que atuou e fez três gols. Os dois foram adversários nas semifinais da Liga dos Campeões, com vantagem para Maicon, e também podem terminar a temporada como campeões nacionais.

Os problemas nas laterais estão do lado esquerdo. Michel Bastos, que também joga como meia no Lyon, atuou bastante por seu clube, seja no Campeonato Francês ou na Liga dos Campeões, em que a equipe chegou às semifinais, mas não tem vaga garantida e transitou entre a titularidade e a reserva. Das 36 partidas do Lyon no torneio nacional, começou 21 e entrou em outras nove. Na Liga dos Campeões, foi titular em nove das 14 e saiu do banco em outras duas. Apesar dessa situação, tem 13 gols nas duas competições.

Gilberto, o outro chamado para a lateral esquerda, é titular da sua equipe, o Cruzeiro, quando joga. Por contusão, suspensão ou opção do treinador, participou de 10 confrontos, nove como titular, dos 16 no Campeonato Mineiro e de sete, todos desde o início, dos 10 na Copa Libertadores.

Dos zagueiros, Lúcio, Luisão e Thiago Silva atuaram, respectivamente, em 31 das 37 partidas da Inter de Milão, 28 das 30 do Benfica e 32 das 37 do italiano Milan em seus campeonatos nacionais. O primeiro foi titular em 30 delas, e os outros dois, em todas que jogaram. Luisão ainda se sagrou campeão português.

Juan, que ainda tem chance de conquistar o título italiano com a Roma, foi a exceção. Ele disputou 28 dos 37 jogos do seu time na competição nacional, sendo 27 como titular, e quatro dos oito na Liga Europa, com só três desde o início. As ausências se deveram principalmente a contusões, o que o deixa na mesma condição de Gilberto, de titular quando pode jogar. Os problemas físicos, inclusive, ameaçaram a vaga de Juan na equipe principal de Dunga.

Os dois convocados para primeiro volante também se salvam. Gilberto Silva, capitão do campeão grego Panathinaikos, esteve em 24 das 30 partidas do seu time no torneio nacional, sendo 22 como titular. O volante também começou 12 dos 14 jogos nas campanhas do Panathinaikos na Liga dos Campeões, em que foi eliminada, e na Liga Europa, em que chegou às oitavas de final. E Josué atuou em 31 dos 34 confrontos do Wolfsburg no Campeonato Alemão, sempre como titular.

Da posição de segundo volante em diante, os problemas se acumulam. Na Juventus, Felipe Melo disputou 29 das 37 partidas do time no Campeonato Italiano, começando 28 delas, mas, apesar de não ter sofrido lesões sérias, enfrentou problemas técnicos. O jogador, que vem de uma boa temporada na também italiana Fiorentina, tem recebido muitas críticas na atual por suas falhas e seu temperamento explosivo.

O meia Kléberson, também convocado para a posição de segundo volante, foi menos assíduo em seu clube do que Felipe Melo, por causa de alguns problemas disciplinares e do histórico de lesões. Ele participou de 13, sendo 12 como titular, dos 18 jogos do Flamengo no Campeonato Estadual do Rio, e de seis, começando quatro, dos oito na Copa Libertadores.

Entre os meias, há mais problemas. Elano tem situação parecida a de Michel Bastos: nem sempre é titular quando joga. Das 31 partidas do Galatasaray no Campeonato Turco, começou 19 e entrou em outras cinco. Na Liga Europa, da fase de grupos até a eliminação na primeira série de mata-matas, foi titular em seis dos oito confrontos do seu time e saiu do banco em outro. A diferença para o companheiro de seleção é que Elano foi menos decisivo e fez quatro gols nas duas competições.

Kaká, o responsável pela armação na seleção de Dunga, enfrentou problemas físicos que se refletiram no desempenho por seu clube. Com a pubalgia recorrente, o meia atuou em 25 dos 37 jogos do Real Madrid no Campeonato Espanhol, sendo 21 como titular, e em sete dos oito na Liga dos Campeões, começando os sete. Assim, não fez muitos gols: nove nos dois torneios. As ausências ficaram mais frequentes em 2010. Dos 22 jogos da seu time no torneio nacional, Kaká disputou 13.

Júlio Baptista está na pior situação entre os meias convocados. Não há dúvida de que sua situação na Roma é de reserva. Dos 37 jogos no Italiano, só foi titular em quatro e entrou em outros 19.

A exceção entre os meias é Ramires, que participou de 23 partidas como titular e de outras três saindo do banco de reservas das 30 do Benfica na campanha vitoriosa no Campeonato Português.

BLOGUEIROS COMENTAM A LISTA

Juca Kfouri: Tirante o Grafite, a lista de Dunga é exatamente a que eu temia. Leia mais
Roberto Avallone: E eis a Seleção de Dunga. Sem Ousadia. Mais
Antonio Maria: Respeito a convocação do Dunga, que prestigiou um grupo vitorioso. Mais
Vitor Birner: Muita coerência e teimosia de Dunga na lista da seleção. Leia mais

No caso dos atacantes, a situação é curiosa. Os mais cotados para a equipe principal de Dunga enfrentaram problemas na temporada. Robinho voltou ao Santos para poder atuar mais do que no inglês Manchester City, onde foi reserva em grande parte do segundo semestre de 2009, mas sofreu contusões e não foi tão frequente quanto gostaria. Na campanha do título paulista, jogou 12 das 23 partidas, sendo 10 como titular. Na Copa do Brasil, começou todos os cincos confrontos em que atuou dos sete até agora do Santos no torneio, em que está nas semifinais. Nos 17 jogos pelas duas competições, marcou nove gols.

 

Luis Fabiano também perdeu partidas por seu clube, o Sevilla, por causa de lesões e suspensões. Foram 23 atuações, sendo 18 como titular, nos 37 jogos no Campeonato Espanhol e seis, com cinco desde o início, nos oito na Liga dos Campeões, em que o Sevilla foi até as oitavas de final. Assim como Kaká, foi mais ausente em 2010 e disputou 13 das 21 partidas da sua equipe no torneio nacional e uma das duas na Liga dos Campeões. Ao todo, fez 17 gols em 29 confrontos nas duas competições.

Já Nilmar e Grafite participaram, respectivamente, de 32 dos 37 jogos do Villarreal no Campeonato Espanhol e de 30 dos 34 do Wolfsburg no Campeonato Alemão. Ambos foram titulares em 27 deles e marcaram, cada, 11 gols nesses torneios.

Depois da divulgação dos 23 convocados, Dunga precisou responder sobre os casos que mais chamam a atenção. “Convocamos o [Júlio] Baptista quando era reserva. Ele disputa vaga com o Totti, que manda em Roma”, justificou.

Sobre o goleiro Doni, disse: “É preciso ter comprometimento com a seleção brasileira. O Doni tem isso e já entrou em conflito com o próprio time para jogar um amistoso com o Brasil. Se eu, como comandante, coloquei comprometimento, atitude, paixão para eles, como vou mudar de opinião quando esse tipo de situação acontece? Temos que dar apoio aos jogadores que estão dentro do que pedimos”.

O técnico falou ainda sobre os problemas físicos de Kaká e Robinho, seus destaques. “Tenho inteira confiança neles. Se eles estão à disposição, podem jogar a qualquer momento. Kaká e Robinho são protagonistas porque se espera muito deles. Quando um jogador troca de país, passa por dificuldades, e foi assim com o Kaká.”

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