Júlio César já fez história, mas ainda precisa de um título

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Fortaleza

Júlio César, goleiro brasileiro
Júlio César, goleiro brasileiro

Júlio César já está na história da seleção brasileira. Com 84 jogos, é o quinto goleiro que mais vestiu a camisa da seleção brasileira e o quarto que mais vezes atuou em Copas do Mundo. O problema é que à frente do ex-flamenguista estão apenas campeões do mundo, o que coloca uma pressão extra sobre o arqueiro da geração atual, que provavelmente tem sua última chance de levar o caneco.

"A conquista é um negócio importante. Fica uma frustração, pequena ou grande, porque é uma oportunidade única. É uma competição difícil, em que a gente vê campeões mundiais sendo eliminados. Um jogo só acaba com a sua vida", disse Waldir Peres, ex-goleiro da seleção brasileira que já foi superado por Júlio César e sabe bem do que está falando.

Camisa 1 histórico do São Paulo, vencedor em clubes, Waldir faz parte de uma geração que passou em branco na Copa do Mundo. Foi ele quem esteve à frente do gol da seleção nos cinco jogos da Copa do Mundo de 1982, quando o time com Zico, Sócrates e companhia encantou o mundo, mas caiu na segunda fase diante de uma surpreendente Itália.

Júlio não fez parte de uma geração tão impressionante, mas viveu um drama considerável em sua história. Em 2010, falhou no primeiro gol e foi um dos vilões da derrota por 2 a 1 para a Holanda nas quartas de final, jogo que marcou sua trajetória. Chegar à marca de nove jogos, que faz dele o quarto goleiro que mais atuou pelo Brasil em Copas, não foi fácil.

Depois do trauma da eliminação na África do Sul, Júlio só voltaria a ter chance na seleção no começo de 2011. Convocado para a Copa América, mais uma vez mostrou instabilidade e foi descartado por Mano Menezes depois da queda precoce contra o Paraguai. Era o começo de um espiral de decadência na carreira do goleiro que desde a primeira convocação, em 2003, era tido como o "futuro da seleção".

Júlio, que já tinha conquistado tudo que podia em termos de clubes pela Inter de Milão, viu seu espaço na Itália minguar. Em 2012, ele foi buscar um recomeço no Queens Park Rangers, da Inglaterra, e contou com a demissão de Mano Menezes para voltar à seleção. Convocado por Felipão, fez bonito na Copa das Confederações e virou homem de confiança do treinador, que ignorou seis meses de inatividade e foi devidamente recompensado nos pênaltis do último sábado.

As duas defesas contra o Chile, que levaram o Brasil às quartas, fizeram a seleção e o próprio Júlio César manterem vivos a chance de um título. O goleiro que se redimiu fez seu nono jogo em Copas e tem a chance de chegar até o 12º. Na frente dele, só Emerson Leão (13), Gylmar (14) e Taffarel (18), todos campeões.

"Não acho ele herói pelas defesas contra o Chile ou fracassado por 2010. Sempre defendi que ele é um bom goleiro, fui dos poucos que sempre o quis como goleiro titular. Ali [contra a Holanda] foi um acidente de trabalho. Teve um erro e teve seu acerto agora. A regularidade dele é muito boa", disse Emerson Leão, campeão do mundo como reserva em 1970 e titular nas Copas de 1974 e 1978.

Júlio, de fato, não teve vida de herói depois das defesas, mas não pelo motivo apontado por Leão. Passada a emoção pela conquista da vaga, a seleção entrou em crise por motivos alheiros à vontade do goleiro. Uma entrevista de Felipão, uma punição ao assessor de imprensa Rodrigo Paiva e a lesão do atacante Neymar tomaram conta do noticiário.

Na próxima sexta, contra o segundo melhor ataque da competição, a Colômbia, Júlio César terá nova chance de brilhar. 

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