Brasil transforma ligação direta em arma que pode ser usada contra o Chile

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Brasília

Quando o meio-campo de um time não vai bem, é costume dizer que o tal time abusou da "ligação direta". No caso do Brasil, não. Diante de Camarões, com defensores técnicos e alguma leitura de jogo, a seleção fez o chutão evoluir e o transformou em uma arma de jogo que pode servir até para a partida contra o Chile.

No 4 a 1 em que carimbou vaga para o mata-mata, o Brasil abusou da ligação direta. Segundo as estatísticas da Fifa, foram 83 passes "longos", mais da metade do que fez em todo o torneio até agora (154). David Luiz, Tiago Silva e Marcelo são os grandes responsáveis por isso.

"Aconteceu pela forma de Camarões jogar. Eles jogam com linha de quatro zagueiros muito alta. Por isso que no jogo aconteceu por diversas vezes esses lances. O Neymar saia na frente em várias oportunidades. Isso é o jogo que diz", explicou Paulinho, um dos que deixaram de participar mais do jogo por conta disso.

"Alto", no jargão do futebol, tem a ver com a posição que o time adota em campo, e não com a altura propriamente dita. O mapa de calor da Fifa mostra que, de fato, os zagueiros Nkolou e Matip não atuaram recuados. Na tentativa de criar um esquema compacto, os africanos deixam buracos às suas costas, e isso não fugiu à vista de Felipão.

"Vocês viram como trabalhamos as jogadas de penetração, da ponta para o meio. Camarões marca muito alto. Qualquer bola virada na ponta para os jogadores chega. Tivemos uma ou duas jogadas que poderiam ter sido gol", disse o treinador, em entrevista coletiva.

Não é a primeira vez que o Brasil usa esse recurso. O Chile, próximo adversário da seleção, já foi vítima da ligação direta da seleção, especialmente com David Luiz. No ano passado, quando os times se enfrentaram no Canadá, em novembro, o zagueiro abusou dos lançamentos para Neymar, que sempre saía nas costas da defesa rival.

O mapa de calor da Fifa mostra que a seleção do técnico Jorge Sampaoli joga praticamente com um líbero. Gary Medel, do Cardiff City, é o defensor mais recuado, e passa o jogo inteiro praticamente plantado na meia-lua de sua área. Só que ele está sozinho. Gonzalo Jara, seu parceiro de zaga, fica na intermediária, atuando mais pela esquerda. Os laterais Isla e Mena, por sua vez, jogam na linha do meio-campo, deixando caminho aberto para que jogadores como Neymar e Hulk recebam livres.

"Time que joga com linha muito subida toma bola nas costas. Eu tento ajudar da melhor forma possível. Quando você tem jogadores rápidos que sabem sair na hora certa fica mais fácil de lançar", disse David Luiz. 

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