Para crianças que entrarão em campo com seleção, amistoso é 'jogo da vida'

Vanessa Ruiz

Do UOL, em São Paulo

São 45 crianças, todas frequentadores de um projeto social na periferia de Mogi das Cruzes, São Paulo. Elas foram escolhidas com base na assiduidade com que vão aos encontros do projeto Esportes para a Vida, notas na escola e situação familiar. A maioria delas também tem menos de 1,50m. É que a CBF não permite que crianças mais altas do que isso entrem em campo com os jogadores em partidas da seleção -- se maiores, podem tapar o escudo da entidade no uniforme e até mesmo os atletas, nem todos tão altos

Se para tantos torcedores o amistoso entre Brasil e Sérvia nesta sexta-feira não tem muito valor -- a Copa começa pra valer em menos de uma semana, afinal --, para este grupo de "mascotinhos", vai ser a experiência de uma vida.

Nesta quinta, as crianças estiveram no estádio do Morumbi antes e depois do treino da seleção servia para ensaiar com as bandeiras da Fifa, do Brasil e da Sérvia. "Eu quero ver o Neymar", dizia Eric Cristovão Malta, de 12 anos. Conhecido como Quinho, ele contou para nossa reportagem que quem é fã mesmo do Neymar é seu irmão, Cléverson, que não pode se candidatar a um lugar no gramado por estar acima da idade determinada: "Ele tem 15 anos e só trouxemos crianças que têm entre 11 e 13 anos", explica o educador Caio Cuadrado.

A grande preocupação de Quinho, que terá a responsabilidade de carregar a bandeira do Brasil junto com outras cinco crianças do projeto, é não deixá-la escapar: "Dá medo de soltar! Mas já ensaiei", diz, com a voz ansiosa.

O grupo de 45 crianças está dividido em outros quatro grupos menores: um que vai entrar com as bandeiras; outro, com os jogadores brasileiros; o terceiro, com a seleção da Sérvia e o último, com campeões do mundo que venceram as cinco Copas pelo Brasil numa ação da MasterCard para aproveitar a oportunidade de exposição, já que é patrocinadora da CBF e da seleção brasileira, mas não da Copa do Mundo de 2014 (este patrocínio ficou com a rival Visa).

Enquanto esperam sua vez, algumas crianças "batem bafo" atrás do gol dos vestiários. São cards da Copa do Mundo misturados com outros de personagens de ficção. "Eu vou entrar com o Pepe", diz um deles. De Pepe, ele só sabe que jogou com Pelé, mas não dá para negar que há um certo respeito na forma como ele se refere ao ex-ponta-esquerda do Santos e da seleção. Em seguida, deixa escapar: "Eu queria era entrar com o Paulinho! Ele joga demais", e o pequeno corintiano zarpa para o seu ensaio antes que conseguíssemos saber seu nome.

"Para eles, é a realização de um sonho, desde essa coisa de pegar o ônibus e vir de Mogi para cá, mesmo sendo uma viagem curta. Muitos deles nunca pisaram num estádio", conta o coordenador da ONG Visão Mundial, que toca o Esportes para a Vida, parceria entre a instituição e o jogador Cacau, brasileiro naturalizado alemão que joga pelo Stuttgart e disputou a Copa de 2010 pela Alemanha. Cacau cresceu na periferia de Mogi das Cruzes, onde o projeto que vai completar um ano em agosto atende hoje 120 crianças.

Depois de participar da abertura da partida, as crianças da ONG poderão assistir a Brasil e Sérvia do camarote da patrocinadora, que fica na altura do gramado, bem na linha do meio-campo.

Aquilo que mais espera nesta sexta, diz Quinho, é ver o Brasil ganhar. Mas e se der para falar uma coisinha rápida para o camisa 10 da seleção brasileira? "Vou dizer que meu irmão gosta muito dele. Até o cabelo dele é igual ao do Neymar!"

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