Efeito Beckham pode ajudar Miami a entrar no mapa do futebol
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Miami (EUA)
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Rafael Ribeiro / CBF
Beckham, visita ilustre da seleção em Miami, pode mudar a cara do futebol local com o novo time
Miami fala espanhol e admira futebol, mas ainda prefere o basquete, o futebol americano e até o beisebol. Com David Beckham, esse ranking poderia ser diferente? Por acreditar que resposta à pergunta é sim, a cidade se esforça para dar ao inglês estrutura para a criação de um time na MLS, a liga norte-americana da modalidade, que custaria ao astro cerca de US$ 200 milhões (R$ 467 milhões).
A estimativa é do jornal Miami Herald, que vem acompanhando o passo a passo da saga do inglês. Beckham se ligou ao futebol norte-americano há seis anos, quando assinou com o LA Galaxy. Na época, seu contrato já previa que ele poderia comprar uma franquia com um desconto de U$ 25 milhões (R$ 58,4 mi).
Hoje, Beckham parece estar decidido. Depois de alguns meses reunindo possíveis investidores, o inglês está visitando a cidade atrás do local ideal para instalar sua equipe. Na última terça, inclusive, ele esteve no hotel onde está hospedada a seleção brasileira para tirar fotos e cumprimentar jogadores como Neymar e Thiago Silva. A seleção está na cidade para enfrentar Honduras, no próximo sábado.
Com expectativas realistas, Beckham e seus parceiros descartaram de cara o estádio Sunlife, casa do Miami Dolphins, da NFL, e palco do amistoso entre Brasil e Honduras no próximo sábado, pelo tamanho.
A arena multiuso tem lugar para quase 70 mil pessoas, número considerado irreal. As opções seriam o estádio da FIU (Universidade Internacional da Flórida) ou o Marlins Park, casa do time de beisebol da região (Florida Marlins), com 23,5 mil e 36,7 mil, respectivamente.
O estádio da FIU, por ficar na região metropolitana, dentro de um campus, não seria urbano o bastante para os investidores, que buscam proximidade com o centro comercial. Já a casa dos Marlins, dentro do perímetro urbano, teria o calendário como problema, já que a temporada de beisebol coincide com a do futebol, e a conversão do gramado ficaria prejudicada.
AMERICANOS APOIAM DAVID BECKHAM COMO DONO DE FRANQUIA EM MIAMI
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Patricia Tomano (centro), joga futebol em Miami e garante que a cidade gosta do esporte
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Liz Lundy, fã do Heat, sequer gosta de futebol, mas conhece Beckham e crê em sucesso
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Patricia Martinez, também fã de basquete, aposta na herança latina para a nova franquia
São esses os últimos detalhes para que Beckham tome lugar como cartola. O prefeito da cidade é o primeiro a comemorar a possibilidade. "Eu me junto às centenas e centenas de fãs de futebol da Flórida que estão prontos e ansiosos para ter um time da MLS estabelecido em Miami. Um lugar como esse, conhecido como o 'Portão da América', seria a casa perfeita para o esporte mais popular do mundo", disse Carlos Gimenez à Reuters, no fim de outubro.
Miami já teve um time na liga, o Fusion, mas ele instalou-se em Fort Lauderdale, a meia hora da cidade, o que ajudou a franquia a falir em 2001. Desde então, a cidade só tem equipes nas divisões menores, e se ressente de representantes de peso.
A cultura latina é visível a todo momento na cidade, e Miami é a segunda grande cidade dos Estados Unidos com mais pessoas que falam espanhol. "O futebol é popular na cidade porque tem muitos latinos. Beckham seria incrível e atrairia muita atenção da mídia", disse Patricia Tomano, universitária de jogador do time de futebol feminino da FIU.
"David Beckham é um cara que todos respeitam por toda a história dentro do futebol. Dentro dessa atitude de querer fazer um time aqui, tenho certeza de que ele vai ser bastante feliz. Em uma cidade maravilhosa como essa, um time só vai abrilhantar", disse Bernard, convidado a opinar sobre o assunto por um jornalista americano.
"Eu não conheço nada de futebol, mas até eu sei quem é o David Beckham. Eu não saberia dizer quem é a seleção brasileira, mas conheço ele. Acho que daria certo", arrisca Liz Lundy, fã do Miami Heat.
A equipe de Lebron James hoje domina o esporte local com o bicampeonato da NBA. Dolphins e Marlins, os outros times de ponta da região, hoje ganham menos destaque nos noticiários, nos outdoors e em popularidade. Beckham e seu futebol, quem sabe, poderiam mudar esse cenário.
"Todo mundo ama ele. O problema do futebol aqui é que ele é muito praticado nas escolas, mas não chega às universidades. Eu acho que ele ajudaria muito", disse Patricia Martinez, outra fã do Heat, essa mais disposta a vestir a camisa do time do inglês.