"Babá" de Balotelli mora com casal e revela brigas com namorada e surtos do atacante
José Ricardo Leite
Do UOL, em Fortaleza (CE)
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Luiz Paulo Montes/UOL
Adilson Barros (dir.) guia Balotelli pelas ruas de Salvador
Enquanto milhares de fãs brigam por autógrafos ou foto ao lado dos ídolos boleiros, ele tem uma profissão que faz inveja e muitos topariam até pagar para executá-la. Mora junto, faz compras, dirige e paga contas, entre outras coisas. Essa é a vida do brasileiro Adilson Barros, uma espécie de "babá" do atacante italiano Mario Balotelli.
Adilson começou a empreitada no ano de 2000 ao executar a função para o Emerson, ex-volante do Grêmio e seleção brasileira. Na época, o meio-campista se mudou para a Itália para jogar na Roma e depois na Juventus. Sempre com a assessoria de Adilson, que fala fluentemente inglês e italiano.
Em Turim, conheceu o famoso empresário italiano Mino Raiola, que empresaria jogadores como o sueco Zlatan Ibrahimovic e próprio Balotelli. Raiola é quem paga os serviços de Adilson para resolver todos os trâmites burocráticos da vida de seus atletas. E no ano passado surgiu o convite para fazer isso com o camisa 9 da seleção italiana.
"Depois que o Emerson parou de jogar, voltei pro Brasil e o Thiago Silva me convidou para trabalhar com ele. Aí voltei para Milão. Fiquei dois anos e voltei. Nesse meio tempo, o Mino Raiola perguntou se eu queria auxiliar o Mario Balotelli, e voltei. Estou com ele há nove meses já", falou ao UOL Esporte.
No Brasil durante a disputa da Copa das Confederações, Adilson tem ficado nos mesmos lugares que Mario e a delegação italiana, que permite que familiares fiquem juntos nos mesmos hotéis, desde que não durmam juntos.
Adilson usa camisas da seleção italiana com o nome de Balotelli e faz até a de "segurança" da namorada do jogador, Fanny Neguesha. "Comigo do lado ninguém mexe", brincou.
Tenta sempre intermediar a constante tentativa da imprensa de falar com o polêmico jogador. Mas sem sucesso até agora nos 15 dias da Itália no país. Mario nunca quer falar.
"É porque os caras inventam muita coisa. Muita coisa que sai dele (na imprensa) não é verdade. Coisa boa não sai, mas notícia ruim corre rápido. O que ele faz de coisa boa não sai", explicou.
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Balotelli e a namorada Fanny Neguesha moram com o "paizão" Adilson Barros
Adilson mora junto com Balotelli e Neguesha e é chamado por eles de "Ad", em referência às duas primeiras letras de seu nome. Define sua profissão como "assistente" e afirma ser considerado pelo casal como um familiar.
"Faço tudo. Vou no treino, levo nos lugares...moro junto na casa. Sou um assistente, na Itália isso se chama assistente. Mas se no Brasil tem um cara de confiança que faz isso, é igual ao que eu faço lá", falou. "(O convívio) é perfeito, tenho uma relação com eles como se fosse uma família. Ele e a Fanny me têm como um pai."
O assistente conta que é comum ser chamado por Mario ou Fanny para tentar aparar algum desentendimento entre os dois. E que sempre tudo acaba bem. "Volta e meia dá uma discussãozinha e eles me chamam. Aí aconselho um, aconselho o outro...tenho os dois como um filho. Ela tem também tem (personalidade forte)....é um fogo cruzado. Mas no final, como eu digo pra ele, tudo acaba em pizza", contou.
Adilson lembrou até um curioso caso em que Balotelli disse que o flat em que os três vivem em Milão era dele, o que magoou a namorada. O brasileiro então entrou em ação para intrmediar e fez com que o jogador se revisse seu conceito.
"Uma vez eu estava dormindo e eles estavam discutindo. E ela falou que a casa era dela também, e ele disse que não, que a casa era dele. Aí eles foram e me acordaram. A Fanny gritava ´Ad, ad, ele está falando que a casa não é minha´. Eu falei: ´Mario, se eu, ela e você moramos aqui, a casa é minha, sua e dela. Quem paga o aluguel é o Milan´. E ele falou assim: ´ah, é verdade´. E foi embora dormir", falou Adilson, rindo muito e sem entender muito o atleta.
Mas ganhar a proximidade e confiança do polêmico e instável jogador não foi nada fácil. No momento em que Raiola colocou o assistente para ajudar a administrar a vida de Balotelli, o jogador não gostou. Não entendia exatamente o propósito de o brasileiro fazer parte de sua vida e dividir a mesma casa. Chegou a ignorar Adilson e fazer uma greve de silêncio na casa.
O assistente disse que ficou chateado e conversou em tom franco com o centroavante. Balotelli então afrouxou e os dois passaram a se dar melhor.
"No começo ele ficou meio assim comigo, acho que eu estava lá para fazer outras coisas, mas eu estava lá pra ajudá-lo. E aí ficamos uns 15 dias sem conversar, e eu até com vergonha, né...Aí cheguei um dia e falei ´Mario, tenho dois filhos no Brasil, preciso trabalhar´...e ele falou "ah, é isso? Pensei que estava aqui pra outra coisa", disse, sem especificar o que era. E então Balotelli entendeu que precisava de alguém e o convívio passou a ser saudável.
Por fim, Adilson salientou que Mario, apesar de polêmico, é um cara muito sentimental. "Ele tem um grande coração, isso eu sei. Uma vez tinha um cara pedindo dinheiro na rua. O cara falou pra ele que não tinha o que comer, e ele deu 100 euros pro cara e falou ´vai almoçar então´".
Mario Balotelli dentro e fora de campo
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