Antigo carrasco mexicano diz que Brasil o deixava livre e monta jornal gratuito
José Ricardo Leite
Do UOL, no Rio de Janeiro
-
Patrik Stollarz/AFP
Jared Borgetti disputa bola com Ronaldinho Gaúcho na Copa das Confederações de 2005
Se a seleção mexicano tem sido uma pedra no sapato do Brasil nos últimos 15 anos, um ex-jogador de 39 anos pode se colocar como um dos responsáveis pela boa marca. Trata-se de Jared Francisco Borgetti.
Atacante de 1,84 m e que fazia muitos gols de cabeça, Borgetti é o maior artilheiro da história da seleção mexicana, com 46 gols e duas Copas do Mundo na bagagem. Encerrou a carreira no ano de 2010.
Borgetti anotou três gols contra o Brasil em vitórias mexicanas. Um deles sobre o Brasil de Felipão, no triunfo por 1 a 0 durante a Copa América de 2001.
Dois anos depois, marcou em vitória pelo mesmo placar na Copa Ouro. E ainda fez novamente no 1 a 0 da fase de grupos da Copa das Confederações de 2005.
Questionado sobre o fato de ser um grande carrasco, respondeu em tom despojado ao dizer que não era bem marcado. E diz acreditar que o time da América do Norte se dá bem contra o país pentacampeão pela motivação de ser reverenciado.
"Me deixavam livre", brincou. "Meus números contra o Brasil são favoráveis. São três gols em Copa das Confederações, Copa Ouro e Copa América. Mas em 2004 perdemos de 4 a 0 no Peru", lembrou.
"Não sei, não sei. Obviamente é sempre bom ganhar do Brasil. Num nível mundial ganhar do Brasil é um reconhecimento. No México sempre pensamos que ganhar do Brasil é algo pra sair no mundo tudo. E isso faz com que o México sempre dê tudo de si nesse jogo. E assim o México passou a se sentir cômodo, ao invés de pressionado. O Brasil agora quando enfrenta o México deve pensar que tem que ter cuidado."
Borgetti está no Brasil durante a Copa das Confederações como comentarista da ESPN mexicana. E essa não é a única atividade que faz relacionada ao jornalismo. O ex-atacante montou um jornal quinzenal em sua cidade, Torreón, no norte do México.
Além de ser dono da publicação, escreve uma coluna. O jornal é quinzenal, distribuído de graça com 15 mil exemplares e se chama Depor15Laguna. Vive de publicidades. Diz ser um bom chefe e espera que o negócio se expanda ainda mais.
"Tive um convite e gostei da ideia. Quero um bom periódico, com bons conteúdos, boas notas. [Sou um chefe] tranquilo. Creio que não estou fora do que fiz. Não fiz jornalismo, mas estou dentro do esporte. Estamos indo bem, há mais de um ano trabalhando fazendo isso", contou.
"A ideia é no futuro fazê-lo em mais fortes e transformar em Depor15Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, Depor15Caribe, onde está Cancun...é essa a intenção."