Governador liga aumento de 87% do custo do Maracanã ao "imponderável"
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
O "imponderável" foi o culpado pelo aumento de 87% no custo da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo segundo o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral. Após seu governo assinar o décimo aditivo do contrato da obra no estádio e comprometer-se a pagar R$ 1,12 bilhão pelas adequações que inicialmente custariam R$ 600 milhões, Cabral afirmou que uma "série de variáveis não esperadas" ocasionou a alteração no orçamento.
"Quando você começa uma obra, surge uma série variáveis que você não esperava e que são imponderáveis, sobretudo no caso do Maracanã, que é um estádio com mais de 60 anos", afirmou o governador nesta quarta-feira.
Segundo Cabral, o fato de o Maracanã ser um estádio tombado por ser um patrimônio histórico também criou dificuldades extras à obra, o que colaborou para o aumento de seu custo. "Quando você recupera um bem tombado como o Maracanã, as dificuldades são maiores do que quando você começa um prédio do zero. Isso é um ponto importante."
O governador não ligou os atrasos sucessivos da reforma do estádio ao aumento do custo da obra. Afirmou, porém, que ficou evidente durante a reforma que a quantidade inicial de trabalhadores não era suficiente. A contratação de mais trabalhadores, disse ele, também impactou no aumento.
Hoje, o Maracanã é oficialmente o estádio mais caro da Copa do Mundo. O posto era até então do Estádio Nacional de Brasília que, na conta do governo federal, custará R$ 1,015 bilhão. O UOL Esporte já apurou, entretanto, que a reconstrução do Mané Garrincha já bateu os R$ 1,2 bilhão apesar desse montante ainda não ter sido incluído na Matriz de Responsabilidades da Copa, documento que lista as obras em curso para o Mundial.
Aumentos
Iniciada em 2010, a reforma do Maracanã para a Copa foi anunciada ao custo de R$ 600 milhões. Quando a reforma começou, em setembro daquele ano, seu orçamento já era de R$ 705 milhões. O prazo de entrega era dezembro de 2012.
O tempo passou e o custo subiu. O governo chegou à conclusão de que a demolição da cobertura do estádio era necessária. Com isso, o custo da reforma chegou a R$ 859 milhões. Já nesta segunda-feira, o governo publicou um aditivo do contrato da reforma do estádio. A obra passou a custar R$ 1,049 bilhão. Juntando outras adequações adicionais e outros contratos já assinados, as adequeações só no estádio custam R$ 1,12 bilhão.
CONFIRA O CUSTO DA REFORMA DO MARACANÃ PARA A COPA
Item | Data | Valor |
Reforma principal do estádio após dez aditivos | maio/2014 | R$ 1,049 bilhão |
Correção monetária do contrato (apostilamento) | maio/2012 | R$ 7,5 milhões |
Correção monetária do contrato (apostilamento) | agosto/2012 | R$ 29,9 milhões |
Gerenciamento da obra | fevereiro/2011 | R$ 23,5 milhões |
Catracas, bilheterias e urbanização intramuros | janeiro/2014 | R$ 17,8 milhões |
Total | R$ 1,127 bilhões |
Prazos
Conforme o custo da obra ia subindo, sua entrega também ia sendo adiada. Quando o governo decidiu reconstruir a cobertura, ela passou para o final de fevereiro. Depois, no início deste ano, o governo anunciou que a reforma só acabaria 27 de abril.
Em março, o governo e as construtoras acordaram um novo prazo para o fim das obras. O nono aditivo do contrato da reforma foi assinado prevendo que o trabalho só termine 24 de maio, ou seja, a 22 dias da Copa das Confederações.
Quando o governo divulgou esse aditivo, o UOL Esporte o questionou sobre o fim das obras do Maracanã. O governo ratificou que elas terminariam em abril. Em visita ao estádio nesta semana, a reportagem constatou que ainda há muito a fazer.
Evento-teste
Na segunda-feira, além de divulgar o novo valor da reforma do Maracanã, o governo do Rio cancelou o jogo teste marcado para o dia 15 de maio. Assim, o Maracanã só voltará a receber uma partida de futebol no dia 2 de junho, quando a seleção brasileira enfrentará a Inglaterra em amistoso.
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