Manifestantes entram no Maracanã e protestam contra privatização

Pedro Ivo Almeida, Vinicius Castro e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Pedro Ivo Almeida/UOL

    Manifestantes fazem topless em protesto contra a Copa; mulheres foram detidas por atentado ao pudor

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A reabertura do Maracanã também foi marcada por um protesto popular. Cerca de 300 pessoas se reuniram, na tarde deste sábado, em frente do estádio para demonstrar o seu descontentamento com a tentativa de privatizar o palco da final da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Depois, parte deles ainda entrou no estádio e hasteou uma faixa contra a concessão da arena.

Os principais alvos dos manifestantes foram a Fifa, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o bilionário Eike Batista, que, através de um consórcio, apresentou a oferta mais alta na licitação de concessão do Maracanã. As demolições para obras da Copa e da Olimpíada de 2016 também foram criticadas, inclusive, com a faixa estendida no estádio durante o jogo-teste: "Não à privatização e as demolições".

Antes disso, os protestos foram com gritos do lado de fora. "Alô, você! Você está de bobeira. Fifa, Cabral e Eike são quadrilha de empreiteira", gritavam os manifestantes. Outros cantos foram: "Cabral ditador, respeite o índio, o aluno e o professor" e "Eike ladrão, deixa o Maraca com o povão".

A manifestação reuniu, dentro outros, torcedores dos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo), pais e alunos da Escola Municipal Friedenreich, que faz parte do Complexo do Maracanã e deverá ser demolida, além de índios, estes últimos revoltados com a desocupação do Museu do Índio. As demolições do Parque Aquático Julio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros, que faziam parte do Complexo do Maracanã, também foram bastante criticadas.

"Não podemos mudar sozinhos, mas queremos ampliar o debate. O povo não pode permitir o que estão fazendo com o complexo esportivo e social que temos no Maracanã. Estão demolindo equipamentos fundamentais de inclusão social, como o parque aquático, o estádio de atletismo e uma escola. Várias pessoas eram atendidas ali. Temos que abrir o olho do povo para estes absurdos", disse Hertz Viana Leal, de 50 anos, um dos líderes do protesto.

Confronto

Do lado de dentro do estádio, a segurança não reprimiu a manifestação contra a concessão do Maracanã. Já do lado de fora, o protesto terminou mal.

Uma fotógrafa desacatou a polícia, com gritos de "filho da p*" e "vai tomar no c*", e acabou presa. Cerca de 200 manifestantes partiram para cima dos policiais, que reagiram

Para acabar com o conflito, os PMs chamaram a cavalaria  e a tropa de choque, que usou gás lacrimogênio, gás de pimenta e tiros de borracha.

Duas pessoas foram presas e três pessoas foram feridas com as balas de borracha. A PM alegou que foi obrigada a reagir para "manter a ordem".

Após este primeiro confronto, os manifestantes tentaram fechar a rua São Francisco Xavier, próxima ao Maracanã, ocasionando um novo confronto com a polícia.

Reforma

O Maracanã esteve fechado quase dois e anos e meio para obras para a Copa de 2014. Já foram gastos mais de R$ 930 milhões na reforma, que deveria ter acabado em dezembro de 2012, mas deve se estender por pelo menos mais um mês.

Neste sábado, no primeiro evento-teste do estádio para a Copa das Confederações, o Maracanã recebe um jogo entre amigos de Ronaldo e amigos de Bebeto. Alheios aos protestos, cerca de 27 mil operários que trabalham na reforma do estádio fizeram a festa durante a partida amistosa.

 

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