Unidos, Eike e construtora do Maracanã viram favoritos para assumir estádio
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Divulgação
Cadeiras nas cores azul e amarelo estão sendo instaladas no Maracanã para a Copa
Duas empresas estrategicamente unidas entram como favoritas na disputa pelo controle do Maracanã. A Odebrecht, construtora que desde 2010 trabalha na reforma do estádio, e a IMX, empresa do bilionário Eike Batista e que planejou toda a privatização do complexo esportivo, apresentaram juntas uma proposta para assumir a administração do espaço. Agora, concorrem com outro grupo de empresas para saber quem ficará com o direito de operar o estádio carioca.
A Odebrecht e a IMX fazem parte do Consórcio Maracanã SA. As duas companhias nacionais estão associadas à empresa norte-americana AEG, especializada em gestão de grandes arenas esportivas ao redor do mundo. Hoje, a AEG já é a responsável pela operação de mais de 100 estádios ou ginásios em 14 países. No Consórcio Maracanã SA, ela tem participação de 5%.
A Odebrecht é a líder do consórcio. A empresa, uma das maiores construtoras do país, tem 90% de participação no grupo formado para a disputa da privatização do Maracanã.
A Odebrecht já está envolvida com a construção ou reforma de quatro estádios do Mundial de 2014, inclusive o próprio Maracanã. Em dois deles, a Fonte Nova (em Salvador) e a Arena Pernambuco (em Recife), a Odebrecht também será administradora dos espaços. No caso da concessão do Maracanã, a administração também seria dividida com a IMX.
A IMX, de Eike Batista, tem 5% de participação no consórcio. A empresa é especializada na organização de eventos esportivos e de entretenimento. Ela foi contratada pelo governo do Rio de Janeiro para fazer o projeto da privatização do Maracanã no ano passado. Essas informações serviram para a montagem da licitação do complexo.
Por causa disso, o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) e o MPF (Ministério Público Federal) chegaram a tentar impedir na Justiça a participação da IMX na licitação. O pedido não foi aceito. A IMX segue na disputa.
IMX, Odebrecht e AEG são concorrentes de outras três empresas na licitação pelo Maracanã. OAS, a Stadion Amsterdam e Lagardere Unlimited formam o Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro, segundo licitante no processo de privatização do estádio.
A OAS é líder desse segundo consórcio. A empresa também participou da obra de dois estádios da Copa do Mundo. Já tem uma subsidiária especializada em gestão de arenas. Divide, inclusive, a administração da Fonte Nova com a Odebrecht, sua rival na disputa pelo Maracanã.
Para a licitação do estádio carioca, a construtora está associada a duas empresas estrangeiras. A Stadion Amsterdam é holandesa e já administra o estádio do Ajax. Já a Largarde é uma empresa de marketing esportivo da França. Assim como a IMX, a Lagarde organiza eventos e também gerencia estádios.
Consórcio Maracanã SA
Odebrecht Participações | É a subsidiária do grupo Odebrecht responsável pelo desenvolvimento, estruturação até a implantação final de novos investimentos. Atualmente, a empresa tem se envolvido com a administração de estádios do país. Ela participou recentemente da estruturação da gestão da Fonte Nova e a Arena Pernambuco. A Odebrecht é uma das construtoras que está reformando o Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. |
AEG | A empresa americana é a operadora do complexo LA Live, em Los Angeles, e da O2 Arena, em Londres. Além disso, opera mais de 100 arenas em 14 países e é dona de clubes de futebol como o Los Angeles Galaxy e da famosa equipe de basquete Los Angeles Lakers. A empresa promove mais de 3.500 shows por ano. |
IMX | A IMX faz parte do Grupo EBX, do bilionário Eike Batista. Atua são produção de eventos, gerenciamento de carreiras, hospitalidade e gestão de arenas. A pedido do governo do Rio de Janeiro, fez o projeto da privatização do Maracanã. |
Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro
OAS SA | Fundada em 1976, a empresa baiana é uma das maiores empreiteiras brasileiras e executora de obras públicas por todo o país. Hoje divide-se em três segmentos: OAS Investimentos, OAS Empreendimentos e Construtora OAS. A empresa participou da construção do Engenhão, no Rio de Janeiro. |
Stadion Amsterdam | A empresa holandesa já administra um estádio, o Arena Amsterdã, casa do clube Ajax. Oito empresas privadas compõe a administradora de estádios. Em Amsterdã, a arena administrada por eles também é casa da seleção holandesa e recebe grandes shows. |
Lagardere Unlimited | Empresa de marketing esportivo francesa, a Lagadere representa atletas e técnicos de diversos esportes ao redor do mundo. Entre suas atividades, também está gerenciamento de direitos de transmissões televisivas, distribuição de direitos e participação em marketing, organização de eventos e gerenciamento de estádios, salas de espetáculo e academias de ginástica. |
Nesta quinta-feira, o secretário estadual da Casa Civil, Regis Fichtner, elogiou o perfil das empresas interessadas no Maracanã e descartou qualquer direcionamento da licitação para beneficiar alguma delas. Segundo ele, todas as empresas entram na disputa com as mesmas chances de ganhar. "São dois consórcios muito fortes, formado por empresas brasileiras e estrangeiras", disse ele.
O deputado estadual Marcelo Freixo criticou a participação da IMX. Disse que concorda com o Ministério Público. Para ele, a empresa não poderia participar da licitação por ter mais informações que suas concorrentes. "É para lá de suspeito a participação de uma empresa que teve acesso a informações que a diferenciam das demais", disse Freixo, logo após a entrega das propostas.
*Colaborou Aiuri Rebello, do UOL em Brasília