Apoio do BNDES e Prefeitura não banca Itaquerão, e construtora quer empréstimo de R$ 70 milhões

Daniel Tozzi, Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

  • Reinaldo Canato/UOL

    Itaquerão já está mais da metade concluído, mas não obteve apoio do BNDES nem da Prefeitura

    Itaquerão já está mais da metade concluído, mas não obteve apoio do BNDES nem da Prefeitura

Os responsáveis pela obra do Itaquerão ainda não receberam nenhum centavo dos apoios prometidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pela Prefeitura de São Paulo, mas já sabem de uma coisa: mesmo que tudo o que foi acordado seja cumprido, isso não será suficiente para bancar a construção.

A obra do estádio do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 tem custos financeiros que não foram incluídos no orçamento original de R$ 820 milhões. Por isso, o fundo imobiliário formado para levantar a arena já busca um empréstimo de cerca de R$ 70 milhões para garantir que não faltará dinheiro para a construção.

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

Teoricamente, o financiamento do BNDES e os créditos tributários da prefeitura custeariam 100% da obra do estádio. Dos R$ 820 milhões orçados, R$ 400 milhões viriam do empréstimo do banco estatal e R$ 420 milhões dos chamados CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) emitidos pelo município.

No entanto, a chegada desses recursos à obra tem demorado mais tempo do que o Itaquerão pode esperar. Algumas operações financeiras foram feitas para adiantar os recursos e outras serão realizadas para custear a construção. Essas operações têm um custo, e será esse custo que terá de ser coberto por um empréstimo extra.

BNDES ESTENDE PRAZO PARA CRÉDITO

  • Fernando Donasci/UOL

    O BNDES fechou no final do ano sua linha de financiamento a obras de estádios da Copa do Mundo de 2014. O banco, no entanto, concedeu um prazo-extra para que Itaquerão e Beira-Rio consigam seus empréstimos. Os estádios de São Paulo e Porto Alegre para o Mundial são os únicos que pediram o crédito ao BNDES, mas ainda não fecharam o contrato das operações. Apesar de o banco estatal já ter aprovado o financiamento, a assinatura dos termos de empréstimo depende de negociações com outras instituições financeiras, as quais intermediarão o negócio.

O empréstimo vai cobrir, por exemplo, os custos dos dois empréstimos-ponte pegos pela Odebrecht para antecipar o dinheiro do BNDES. Com a demora do financiamento do banco estatal, foi necessário que a construtora procurasse bancos comerciais para adiantar R$ 250 milhões para a construção.

Os bancos que fizeram esses empréstimos (Banco do Brasil e Santander) cobram juros sobre esses empréstimos-ponte. O gasto com isso acaba entrando no custo da obra.

Outro "gasto" que será pago pelo empréstimo extra é o do deságio dos CIDs. Esses créditos, que serão emitidos pela Prefeitura, poderão ser usados para pagamento de impostos municipais só depois que o Itaquerão estiver pronto. A obra do estádio, no entanto, precisa desses recursos já. Por causa da pressa, os construtores do Itaquerão vão ter que abrir mão de parte do benefício.

Quando a Prefeitura repassar parte dos CIDs aos responsáveis pela obra do Itaquerão, eles pretendem vender os certificados a outras empresas para levantarem dinheiro no ato. A empresa que comprar o crédito, porém, não deve pagar 100% do seu valor já que terá de esperar até meados de 2014 para usá-lo. Uma perda com a venda dos CIDs já está prevista nas contas do Itaquerão. Só não se sabe ainda de quanto ela será.

Juntos, o desconto da CIDs da prefeitura e os juros dos empréstimos-ponte devem girar em torno dos R$ 70 millhões. A estimativa foi confirmada pela Odebrecht. "É prevista a necessidade de empréstimo extra. O valor exato deste empréstimo depende do efetivo deságio dos CIDs, mas o valor indicado [R$ 70 milhões] é uma boa referência", informou a construtora ao UOL Esporte.

Ainda segundo a Odebrecht, esse empréstimo já foi discutido com o Banco do Brasil, instituição que deve fazer o repasse dos recursos do BNDES ao Itaquerão. Ela ressaltou também que o crédito será tomado por causa das operações financeiras feitas para garantir a obra, mas não se trata um aumento no custo da estádio.



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