Edson Maluco não gosta que troquem seu apelido para "Edson Louco". Se for para trocar, ele diz que prefere outro nome mais poético: "o quebrador de coco do agreste". Edson  quebra coco no peito do pé esquerdo, nas nádegas, na testa, com golpes de caratê e, para descansar,  descasca as fibras com os dentes. Com tanta disposição, o show de rua é uma das principais atrações da orla entre o porto de Mucuripe e a praia de Iracema, em Fortaleza.

Mas, de maluco, Edson não tem nada. O que ele quer é trabalhar duro na época da Copa para comprar duas casas e ganhar uma renda mais mansa. Mas ganhar dinheiro destruindo coco não é maluquice?

"Não", diz ele. "Isso é arte de circo, onde comecei minha carreira há 20 anos".

O primeiro dia no picadeiro foi um "golpe de pura ousadia", ele se recorda: "Eu via os artistas do circo Bolachinha serem aplaudidos. Chamei o Bolachinha e disse que sabia trabalhar também. Falei na raça mas nunca tinha feito nada".

Naquele dia inesquecível, o dono do circo que saber qual era a arte que novo funcionário poderia mostrar ao público. Edson não teve dúvida: "Quebro pedaço de concreto  no peito. Deito e podem quebrar com uma marreta". Quando viu a cena, o dono logo lhe arrumou um nome artístico: Edson Maluco.

Aos 44 anos, Edson já trabalhou em shows de televisão e frequenta o YouTube com alguns vídeos. Em um deles, aparece uma outra atração: "Eu enrolo uma frigideira de alumínio com as mãos", avisa o artista.

A plateia que vê seus shows no calcadão de Fortaleza costuma oferecer dinheiro entre um módulo do espetáculo e o chamado encerramento. Na apoteose, Edson alinha cocos de vários tamanhos, todos verdes e com água. Quebra três ou quatro no peito do pé esquerdo, outros três na testa, mais dois no caratê.

Se a renda do show não estiver tão alta, Edson Maluco anuncia com humor que está pronto para ir embora. "Só falta fechar minha coleta, minha gente.Tenho que sustentar minha família, é o meu trabalho. Quem puder, dá...quem não pode...obrigado pela presença", fala o artista, enquanto percorre o círculo de espectadores.

Na rua, ele apresenta também o número com as correntes. Como de costume, um espectador com certa fragilidade e timidez é chamado para ser "assistente de "palco". O truque termina com Edson se livrando de um cadeado fechado e seis voltas de correntes nos pulsos.

É truque ou força bruta?

"É truque, mas machuca as mãos e os pulsos porque prendo as correntes até o limite".

Descascar coco verde com os dentes. É truque?

"Não. É força e agilidade das mãos que rodam para os dentes trabalharem como alavanca de corte."

Quebrar o coco no peito do pé esquerdo. Nunca quebrou o pé?

"Só dói quando pega na ponta dos dedos. É força mesmo."

Quebrar coco com a bunda…É truque? Como é possível isso?

"Faço musculação, treino todos os dias. Tenho a bunda dura".

Como você pretende trabalhar no calcadão durante a Copa do Mundo? Quem vai traduzir sua fala?

 "Na Copa, só eu e Deus. Vou com o que tenho, em português mesmo", finalizou o artista, antes de exibir o braço tatuado com o nome da ex-esposa: "Claudia Pitbull".