Prefeitura do Rio 'destomba' centros esportivos para Estado privatizar Maracanã
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Marizilda Cruppe/BBC Brasil
Estádio de atletismo e parque aquático tiveram tombamento anulado para serem demolidos
A Prefeitura do Rio de Janeiro "destombou" nesta segunda-feira dois centros esportivos anexos ao Maracanã. O Parque Aquático Júlio Dellamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros tiveram seu tombamento anulado por decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes.
Os destombamento foi oficializado no mesmo dia em que o governo estadual iniciou o processo de privatização do complexo esportivo do Maracanã. Segundo proposta apresentada pelo governo, a empresa que assumir a administração estádio e seu entorno deverá demolir o Júlio Dellamare e o Célio de Barros, que até domingo eram considerados patrimônio culturais do Rio de Janeiro.
Obras no Maracanã
Os dois centros esportivos haviam sido tombados em 2002, junto com todo o complexo esportivo do Maracanã. Naquela época, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro havia recomendado por unanimidade o tombamento dos locais.
PRIVADO POR R$ 7 MILHÕES AO ANO
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O governo do Rio de Janeiro divulgou nesta segunda-feira as primeiras informações sobre o processo de privatização do Maracanã. A administração do estádio será repassada à iniciativa privada no ano que vem, antes da reinauguração da arena, prevista para fevereiro. Pela concessão, o Estado do Rio de Janeiro ganhará cerca de R$ 7 milhões por ano.
Nesta segunda, a Prefeitura do Rio reverteu o tombamento. O município informou que o destombamento foi feito a pedido do governo do Rio. A Prefeitura não disse se a ação havia passado pela análise do Conselho Proteção do Patrimônio Cultural mais uma vez.
De acordo com o secretário estadual da Casa Civil, Regis Fitchner, a demolição dos dois centros esportivos é necessária para que o Maracanã ganhe espaço para circulação de pessoas e estacionamentos que devem ser construídos pelo futuro administrador. "Precisamos abrir espaço para tornar o Maracanã atrativo e viabilizar a concessão", explicou ele nesta manhã.
Fitchner disse, porém, que os dois equipamentos esportivos devem ser reconstruídos em um terreno que pertence ao Exército, logo ao lado do Maracanã. Essas obras estão incluídas na proposta de privatização do governo e devem ficar prontas antes da Olimpíada de 2016.
Além do Júlio Dellamare e o Célio de Barros, também será demolido o prédio do antigo Museu do Índio, localizado ao lado do Maracanã. A área pertencia a uma estatal federal, foi comprada pelo Estado do Rio de Janeiro por cerca de R$ 60 milhões e vai dar lugar a um estacionamento.
Desde 2006, vivem naquele local cerca de 20 índios. Eles formam a Aldeia Maracanã e reivindicam a posse do antigo museu. Querem fazer do local um centro de cultura indígena.
Esse projeto foi descartado pelo governo, assim como a permanência dos índios na área do museu. Fitchner disse que o local não é adequado para residência de ninguém. A retirada dos índios que vivem ali será negociada com eles, disse o secretário.
Além dos estacionamentos, o Maracanã deve ganhar um museu do futebol. Restaurantes e bares também serão abertos pela nova administradora do estádio.
Obras da Copa
O Maracanã deve ser repassado à iniciativa privada em 2013. O estado quer R$ 7 milhões por ano para entregar o estádio a uma empresa. Vai exigir também obras que custarão cerca de R$ 496 milhões do futuro administrador.