Mano Menezes assumiu a seleção brasileira em 2010 e tem enfrentado seu período de maior cobrança por parte dos torcedores. Depois de falhar ao tentar o ouro inédito nos Jogos Olímpicos, o treinador foi vaiado em dois amistosos no país. Ao falar sobre a renovação na seleção, Mano critica o calendário nacional e garante que não precisa copiar o estilo de jogo do Barcelona e da Espanha.

"Nós ainda temos algumas dificuldades causadas pelo calendário de futebol do Brasil. O principal problema é a falta de períodos mais longos para gastar com os jogadores, especialmente durante a fase (de transição) como estivemos até agora, com poucos jogadores estabelecidos", afirma Mano, em entrevista ao site da Fifa.

"Não podíamos nos dar ao luxo de ficar com os mesmos caras como antes, porque eles provavelmente não vão estar em 2014. Então, ter que fazer tudo isso em um curto período, foi e ainda é a parte mais difícil do trabalho".

Ao ser questionado sobre o estilo de jogo imposto pela Espanha, atual campeã Mundial e Europeia, espelhado no Barcelona, Mano diz que as equipes a serem batidas fazem as demais mudarem seu estilo de jogo. Porém, o treinador garante que não precisa implantar a mesma filosofia de jogo no Brasil, apenas entender como o adversário atua.

"Equipes vencedoras sempre deixam sua marca e têm uma influência em determinado período. Você, definitivamente, não vai copiá-los, porque não tem necessidade e as condições não estão certas. Você não pode reproduzir a maneira de jogar sem os jogadores certos. Se você olhar para o Barcelona, nos últimos anos eles fizeram coisas que você olhava e dizia: 'Eles não podem fazer isso, não é taticamente possível'. Mas a equipe atingiu um grande nível de supremacia".

Na entrevista, Mano também fala da diferença entre treinar um clube e a seleção e ressalta e importância de ter trabalhado com jogadores experientes, como Ronaldo, no Corinthians. Para ele, em um time o treinador define sua forma de jogar de acordo com as características dos jogadores e na seleção ocorre o inverso. "Você pode escolher como você quer a equipe e depois olha para os jogadores mais adequados para cada função".

Mano ainda diz que a relação entre técnico e grandes estrelas é importante, principalmente, fora de campo. "As pessoas olham para o seu trabalho e veem como se comporta. Eles examinam sua habilidade para assumir a responsabilidade de ser o técnico da seleção. O que eu realmente aprendi ao trabalhar com Ronaldo e outros grandes jogadores, como Roberto Carlos, é ter uma relação extremamente simples com eles. Você tem que ser muito claro e muito objetivo. Grandes jogadores não gostam de rodeios, eles gostam de ir direto ao que interessa".