Polícia vai colher digitais de operários de estádios por segurança da Copa do Mundo
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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AFP PHOTO /VANDERLEI ALMEIDA
Operários trabalham no Maracanã. Acesso deles à obra será controle por equipamentos da PF
O plano de segurança da Copa do Mundo de 2014 prevê um controle especial ao acesso de pessoas às obras necessárias para o Mundial. E por causa desse controle, todos os operários que trabalham na construção ou reforma dos 12 estádios que receberão jogos do torneio terão sua impressão digital colhida por equipamentos da Polícia Federal.
A medida foi incluída no Planejamento Estratégico de Segurança para a Copa do Mundo do Brasil, divulgado neste mês pelo Ministério da Justiça. Será o ministério, por meio da sua Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, que vai coordenar as ações para proteção de atletas, turistas e autoridades que virão ao Brasil para o Mundial.
O documento é dividido em várias partes e uma delas fala só sobre a seguranças das obras. De acordo com o plano, as construções para o Mundial passarão por vistorias constantes "contra atentados com explosivos, agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares."
Já nos estádios, o esquema de segurança será mais rigoroso. A Polícia Federal vai instalar equipamentos de controle biométrico na entrada dos canteiros. Só terão acesso às obras quem tiver sua impressão digital verificada por policiais.
Segundo o Ministério da Justiça, a instalação dos equipamentos de verificação de impressões digitais será feita na fase final da obra de cada estádio. Os dados colhidos pelos equipamentos ficarão disponíveis para consulta dos órgão de segurança federais e dos estados.
Quem for trabalhar em eventos da Copa também terá seus dados disponibilizados aos ógãos de segurança pública. "Os cadastros de pessoas que trabalharão nos eventos e nas obras de construção também serão disponibilizados nos sistemas integrados a fim de serem consultados pela instituições de segurança pública", diz o plano estratégico de segurança.
Essas medidas, no entanto, não agradam muito a quem trabalha hoje nos estádios. O vice-presidente da Internacional dos Trabalhadores da Construção e Madeira (ICM), Edison Bernardes, acha o controle exagerado e até prejudicial ao ritmo de trabalho.
"As empresas já têm os cadastros de seus funcionários. Trabalham com eles há meses, anos. As forças de segurança poderiam se preocupar com outra coisa", explica Bernardes. "Esse controle também pode servir para tirar a tranquilidade do trabalhador na obra."
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Operários contentes ou não, o controle está previsto no plano de segurança da Copa e deve ser posto em prática. De acordo com o secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, Valdinho Jacinto Caetano, cerca de R$ 1,17 bilhão serão investidos só pelo governo federal para realizar todas as ações previstas no planejamento.
Além do controle de acesso às obras, o governo vai treinar policiais que trabalharão na Copa e pagar a construção de centros de comando e controle nas 12 cidades-sede. Nesses centros, representantes de forças de segurança trabalharão junto no monitoramento e para a solução de possíveis problemas que surgirem.
A integração de polícias, Exército, bombeiros e defesa civil, aliás, será o principal legado da Copa do Mundo para a segurança do país, na opinião de Caetano. "A integração será uma mudança de paradigma na segurança pública do Brasil", disse, em comunicado oficial.