Thiago Silva supera trauma de doença e prevê "pressão enorme" para ser capitão do hexa
José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo
-
Osama Faisal/AP
Zagueiro Thiago Silva disputa bola no amistoso da seleção brasileira contra o Egito, no Qatar
Bellini (58), Mauro (62), Carlos Alberto Torres (70), Dunga (94) e Cafu (2002). Estes foram os homens que levantaram a taça nos títulos brasileiros em Copas do Mundo. O próximo a poder fazer isso, talvez na missão de maior responsabilidade em ganhar um Mundial, é conhecido como "Monstro".
Thiago Silva, defensor e capitão do Milan, é o capitão da seleção brasileira na era Mano Menezes e um dos jogadores do país mais respeitados na Europa.
Mas não foi fácil chegar a esse status. O jogador viveu drama pessoal em sua primeira passagem na Europa, sofreu problemas respiratórios e chegou a ficar internado quatro meses em Moscou, na Rússia, em função de uma tuberculose.
"Passei momentos que não desejo para a pior pessoa do mundo", falou o capitão do time nacional e do Milan.
E mesmo a vida na seleção brasileira não é fácil, apesar da liderança e titularidade praticamente incontestáveis. Thiago Silva foi um dos quatro jogadores que erraram as cobranças de pênalti do Brasil contra o Paraguai, na eliminação da Copa América. Mas isso parece não abalá-lo. "Claro que sim", responde ao ser questionado se bate de novo na Copa-2014.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Thiago Silva fala sobre seu drama pessoal já superado, defende Mano Menezes e diz que a seleção brasileira sofrerá "pressão enorme" para conseguir o título em casa.
UOL ESPORTE: Thiago, você, em pouco tempo, conseguiu chegar ao posto de capitão do Milan e da seleção brasileira. Você sempre teve vocação para liderança? Já chegou a gerar ciúmes e desentendimento pela sua liderança?
Thiago Silva: Acho que é algo natural mesmo, talvez de um jogador que gosto de orientar os companheiros. Estando na defesa, temos uma noção melhor de como a equipe está se portando em campo.
UOL ESPORTE: Você é muito elogiado na Itália pelo jeito discreto, uma imagem de seriedade. Muitos dizem que você carrega no exterior uma boa imagem do Brasil por seu jeito. Você sempre procurou isso, pensar em representar bem a imagem do seu país?
Thiago Silva: Esse sempre foi meu jeito e carrego pela educação que tive dos meus pais. Fico muito feliz em saber que sou exemplo para algumas pessoas.
Thiago Silva
UOL ESPORTE: Como marcar o Messi? Tem alguma receita?
Thiago Silva: Já me fizeram esta pergunta diversas vezes e sempre respondo que um craque como o Messi precisa de uma atenção especial de todo o time. Se ele estiver no meio, os jogadores desta zona precisam prestar atenção nele. Ali na defesa, onde eu atuo e posso falar melhor, o entrosamento pode facilitar. Diminuindo seus espaços, antecipando suas jogadas, colocando sempre um na cobertura.
UOL ESPORTE: Você passou por aquele episódio de tuberculose na Rússia. Foi a época mais difícil da sua vida? Como foi o tipo de auxílio que teve?
Thiago Silva: Foi um período muito complicado em minha vida. Passei momentos que não desejo para a pior pessoa do mundo. Não conhecia quase ninguém na Rússia e contei com a força de minha família e de Deus para superar tudo. Mas ficou este aprendizado e hoje valorizo as pequenas coisas, sempre.
UOL ESPORTE: Você prefere marcar o Messi seguidas vezes ou passar por tudo aquilo de novo com a tuberculose?
Thiago Silva: Marcar o Messi 250 vezes (risos)
UOL ESPORTE: Você ainda guarda alguma coisa do pênalti perdido na Copa América? Bateria de novo na Copa do Mundo de 2014?
Thiago Silva: Claro que sim, acho que o jogador tem que ter personalidade se estiver com confiança. Se eu não me sentisse bem para bater o pênalti, não bateria.
UOL ESPORTE: Como surgiu o apelido de "Monstro"? Você gosta dele?
Thiago Silva: Gosto sim, acabou pegando. Isso foi culpa do Fernando Henrique [goleiro e ex-companheiro de Fluminense], que me colocou o apelido.
UOL ESPORTE: Como você vê o processo de renovação da seleção brasileira na Era Mano?
Thiago Silva: Estou vendo um trabalho sério sendo realizado, com a certeza de que nada será fácil. Sabemos que a pressão será enorme, talvez a maior que uma seleção receba em uma Copa do Mundo. Os jogadores confiam no Mano, um treinador inteligente e capaz de levar o Brasil a realizar este grande sonho, que é a conquista do Mundial no Maracanã.
UOL ESPORTE: Acha que o Brasil está hoje bem atrás de time como a Espanha e Alemanha? O time não tem ido bem contra os grandes. Seus companheiros de clube de outros países perderam o respeito pelo Brasil?
Thiago Silva: Eu duvido que tenham perdido o respeito com o Brasil. A próxima Copa será na nossa casa e quem quer enfrentar nossa seleção com a torcida toda de verde e amarelo? Admito que Espanha e Alemanha, por exemplo, estão com times praticamente prontos, mas até 2014 muita coisa vai acontecer. O Brasil ganhou tudo na preparação antes da Copa de 2006 e o resultado no Mundial não foi o esperado.
UOL ESPORTE: Muitos querem você nos Jogos Olímpicos. Acha que vai ser fácil o Milan te liberar? Já conversou com eles sobre o assunto?
Thiago Silva: Ainda não aconteceu a convocação, mas se eu for realmente convocado certamente vou fazer questão de participar.
UOL ESPORTE: Depois da participação de 2008 em Pequim, ficou engasgado o ouro olímpico?
Thiago Silva: Disputar os Jogos Olímpicos é um sonho para qualquer atleta. Em 2010, infelizmente tive a contusão que dificultou que eu jogasse.
UOL ESPORTE: Você já jogou no Barcelona do Rio e muito se fala de você no Barcelona espanhol. Isso mexe com você?
Thiago Silva: Sobre interesse de outros clubes, sempre deixo este assunto com meu empresário, Paulo Tonietto.
UOL ESPORTE: Tem acompanhado os jogos do Flu? Torce pra eles na Libertadores, tem sofrido?
Thiago Silva: Tenho sim, este ano o time vem forte novamente. Acho que este elenco tem tudo para vencer esta Libertadores e presentear a torcida tricolor, que tanto merece.