Justiça decreta nova prisão de suspeito de abastecer máfia de ingresso

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Osvaldo Praddo/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

    Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização do Mundial

    Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização do Mundial

A Justiça decretou nesta quinta-feira a prisão preventiva de 11 suspeitos de integrar uma quadrilha internacional que vendia ingressos da Copa do Mundo de 2014. Foi decretada, inclusive, a prisão do inglês Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa na organização do Mundial.

Whelan é acusado de ser o elo da organização da Copa com a quadrilha liderada pelo argelino Mohamadoud Lamine Fofana, suspeito de ser o chefe da quadrilha de cambistas. Whelan havia sido preso na segunda-feira e solto horas depois por causa de um habeas corpus.

Fofana e outros suspeitos também tiveram sua prisão preventiva decretada. Dos 11 que tiveram a prisão preventiva decretada, estava na cadeia cumprindo prisão temporária. Só Whelan e Marcelo Pavão haviam conseguido um habeas corpus e devem ser detidos novamente. 

A prisão dos acusados foi decretada pela juíza Joana Cardia Jardim Cortes, do Juizado Especial do Torcedor.

Ainda nesta tarde, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou 12 envolvidos de integrar a máfia dos ingressos. A Justiça acatou a denúncia e decretou a prisão de 11 acusados. Só José Massih não teve a prisão decretada. 

Todos os acusados pelo Ministéro Público devem responder pelos crimes de cambismo e associação criminosa.

Operação Jules Rimet

A operação desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.

Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.

A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.

Suspeitos presos e Whelan negam que cometeram qualquer crime. A Match, aliás, divulgou um comunicado na quarta-feira criticando o trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro e declarando que a prisão do seu diretor executivo foi "ilegal e arbitrária".

O delegado Barucke disse que as críticas são uma forma de defesa da Match.

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