"Geração Neymar" vai para prova de fogo pela seleção sem o maior ícone

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Belo Horizonte

Durante quatro anos, Neymar carregou o peso de ser o maior de uma geração que disputaria uma Copa do Mundo em casa. A cada fracasso, ouviu algo como: "Será que eles aguentarão a bronca na hora de decidir?". A hora de decidir chegou. Nesta terça, às 17h, no Mineirão, o Brasil enfrenta a Alemanha em sua prova de fogo. O maior teste dessa geração, porém, será sem o seu ícone principal, lesionado de maneira dramática a poucos dias dos jogos mais importantes da sua vida.

A ausência de Neymar dominou a seleção nos últimos dias. Desde que se soube que o camisa 10 não jogaria mais a Copa do Mundo por uma lesão na terceira vértebra lombar, só se discutiu a gravidade do lance, o impacto que isso tem no time e quem poderá substitui-lo. E claro, lamentou-se. O atacante provocou choro, mobilizou torcedores e criou uma comoção.

Não é por menos. Neymar representa o time atual como poucos craques do Brasil já o fizeram com a sua geração. Esquecido ainda jovem por Dunga na última Copa, a então promessa santista estreou na seleção em 2010 como o expoente de um time que trazia novidades a uma seleção em reformulação.

"O retorno do jogo bonito", estamparam jornais europeus quando Neymar fez um dos gols da seleção na vitória por 2 a 0 sobre os Estados Unidos. Camisa 11 àquela altura, o atacante do cabelo diferente foi capa de várias dessas publicações ao lado de Pato, que completou o placar. Com Ganso, eles formavam o trio que parecia destinado a guiar o Brasil rumo à sua Copa do Mundo em casa.

Os dois pararam no caminho, por diferentes motivos, mas Neymar prosseguiu, para o bem e para o mal. Quando o Brasil naufragou na Copa América de 2011, ele teve de ouvir a indireta de Lúcio de que "o símbolo na frente da camisa é mais importante que o nome atrás", disse o zagueiro à época.

A cobrança nunca parou. Quando o Brasil perdeu os Jogos Olímpicos de 2012, de novo Neymar saiu mais chamuscado que o resto do grupo. Era do atacante genial, capaz de levar o Santos ao título da Libertadores aos 19 anos de idade, que se cobrava o futebol da seleção.

O Brasil passou três anos sem ganhar de um campeão mundial e quebrou o tabu incômodo somente às vésperas da Copa das Confederações do ano passado. Neymar viveu isso na pele, com a desconfiança constante de que não seria decisivo contra os gigantes, quando a hora certa chegasse.

Na Copa das Confederações, ele mostrou que poderia ser. Prestes a se juntar ao elenco estelar do Barcelona, derrotou parte dos futuros companheiros em um passeio contra a Espanha, no qual foi o maestro. A vitória mudou a trajetória da seleção e a visão que se tem de Neymar. De vaiado pela torcida brasileira ele passou a ídolo nacional, capaz de causar comoção um ano depois ao ver o maior sonho interrompido.

"O Neymar deixou muito dele conosco e levou muita coisa nossa com ele. Claro que ficamos tristes. E ele, na primeira oportunidade, nas manifestações e no jeito de conversar com os jogadores, fez eles entenderem que a parte dele já está feita, que agora a gente tem de fazer a nossa parte, os jogadores, a seleção e os torcedores", disse Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção.

Nesta terça, a "Geração Neymar" terá mais uma grande prova de fogo, a maior até agora. Depois de duelos suados contra velhos conhecidos sul-americanos, o Brasil medirá forças com a tricampeã Alemanha.

Neymar, lesionado, terá de ver os amigos que representou durante quatro anos o representarem. Do Guarujá, onde seu estafe diz que ele assistirá à partida, o craque vai acompanhar se a "Geração Neymar" é mesmo tudo o que promete, ainda que sem seu nome principal. 

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