Governo e Fifa batem cabeça sobre solução para segurança após invasão

Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • David Ramos/Getty Images

    Torcedores chilenos invadiram o Maracanã antes de Espanha x Chile, na quarta

    Torcedores chilenos invadiram o Maracanã antes de Espanha x Chile, na quarta

O governo federal e a Fifa já não se entenderam sobre o diagnóstico dos problemas que geraram a invasão de chilenos ao Maracanã. Agora, batem cabeça em relação às mudanças na segurança para reforçar a proteção do estádio durante a Copa. Ainda não há nenhuma medida anunciada para resolver a questão, o que só deve acontecer nos próximos dias.

Oficialmente, federação internacional e o governo negam qualquer problema e afirmam estar juntos para atuar na questão. "A segurança é importante. Ao contrário do que vimos em notícias, a Fifa não está em confilto contra o governo. Acho que isso não reflete à verdade. Estamos no mesmo barco. Não há uma luta de COL de um lado, e o governo do outro", afirmou o chefe de segurança da Fifa, Ralf Mutschke.

Mas, logo após a entrevista em que deu esta declaração, ele afirmou que a invasão dos chilenos não foi um erro do perímetro interno do Maracanã, que é responsabilidade do COL (Comitê Organizador Local) e da Fifa. Ou seja, isso deixaria a bomba nas mãos das forças públicas que atuavam na parte externa. Já representantes do governo disseram, nos bastidores, que fica claro que a responsabilidade era da Fifa e do COL.

A questão é que, apesar do discurso oficial positivo, ambos os lados sabem que é preciso mudar. Questionado pelo UOL Esporte se classificaria a segurança geral da Copa como boa, Mutschke riu. Em seguida, ele afirmou que era muito cedo para fazer uma avaliação, embora reconheça alguns problemas. "Segurança privada sempre traz riscos", disse. Mesmo assim, ele não admite a atuação ampla de policiais dentro do estádio.

Já representantes do governo entendem que deve ser analisada, sim, a possibilidade de o policiamento atuar de forma mais forte dentro do estádio. Seria uma solução para a ineficiência dos seguranças privados. Isso será discutido quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, estiver no Rio, nesta sexta-feira, para tomar decisões sobre o assunto.

O representante da Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança Pública), Andrei Rodrigues, afirmou que será inclusive analisada a possibilidade de uso do Exército para controlar os bloqueios externos, longe do estádio. Já existe uma autorização para uso das Forças Armadas desde que ocorra ausência de policiais.

"O uso das Forças Armadas está previsto no plano estratégico de segurança desde 2011. Não seria nenhuma coisa excepcional usa-la", disse Rodrigues, "Isso vai ser levado à pauta. É mais uma força à disposição da Copa."

Em meio ao tiroteio nos bastidores, o COL tentou elogiar a atuação, admitindo readequações operacionais. "Não tivemos nenhum incidente dentro do estádio. Forças privadas deram resposta. Não teve um incidente de violência. Isso foi provado dentro do trabalho."

Entenda o caso

Cerca de uma hora antes da partida entre Chile e Espanha, no Maracanã, que teve início às 16h, torcedores sem ingresso derrubaram as grades do Portão C do estádio e invadiram o local sem permissão.

Um grupo invadiu a sala de imprensa do Maracanã, onde derrubaram uma divisória erguida para isolar o acesso à área interna. Uma torcedora com camisa do Chile machucou o braço quando um vidro foi quebrado. Depois, alguns dos invasores foram pegos por seguranças e colocados sentados em um canto do corredor do estádio.

Parte dos invasores conseguiu assistir ao jogo nas arquibancadas do Maracanã. Os que foram pegos pela segurança do estádio acabaram detidos. A polícia informou que o grupo tinha 88 pessoas, 87 deles chilenos e um argentino. Todos eles têm 72 horas para deixar o país. Quem não cumprir, pode ser deportado.

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