Festa dos 'sem ingresso' no Itaquerão tem pegação e drag queen
Luiza Oliveira
Do UOL, em São Paulo
Um ingresso para a estreia do Brasil na Copa do Mundo contra a Croácia valia ouro no Itaquerão. Mas quem ficou do lado de fora da festa também não tinha do que reclamar. Sem as valiosas entradas, muitos torcedores foram até o estádio só para se divertir e até xavecar.
Enquanto os mais de 60 mil torcedores já estavam em seus assentos, quem ficou do lado de fora não parecia muito preocupado em não ver o jogo. Os fãs quiseram fazer a festa em Itaquera só para sentir o clima do Mundial.
A operadora de telemarketing Daniela dos Santos foi para a porta da Arena Corinthians, mas tinha outros 'objetivos' em mente. Ela aproveitou os holofotes para tentar ficar famosa. Se jogou na frente das câmeras de TV e conseguiu dez entrevistas para emissoras de países como Bolívia, Argentina, Uruguai, Colômbia, Panamá e Coreia do Sul, além dos canais mais conhecidos do Brasil.
"Sou a Valdirene (em alusão à personagem interpretada por Tatá Werneck na novela global Amor à Vida) . Amo comunicação. Sou extrovertida, dinâmica, se tem câmera eu pulo na frente. Depois da entrevista, falo para eles me contratarem", conta, sem pudor.
A sonhada chance na TV não é a única motivação para Daniela ficar na porta do estádio. Antes mesmo de a bola rolar, ela encantou um croata e emendou um 'romance-relâmpago'. Mas bastou ele entrar no estádio para ver o jogo que ela novamente partiu para a caça.
"Ele não fala muito bem nossa língua, queria me levar para a Croácia. Mas agora que ele entrou, não vou ficar no 1 a 0. Vou fazer quantos gols eu conseguir", disse, deixando claro suas intenções.
A 'pegação' foi mesmo o objetivo de muita gente. Depois que o jogo começou, a estação do metrô Corinthians-Itaquera, a poucos metros do estádio, virou ponto de encontro de quem não tinha ingresso. Gringos de várias partes do mundo entre argentinos, turcos, bolivianos, colombianos e croatas se misturaram aos brasileiros.
As amigas Pamela Vitoriano e Scheila Passos foram para a estação do metrô só por causa da badalação. Elas capricharam no visual e fizeram sucesso. "A gente veio bagunçar, conhecer gente. Já conhecemos alguns gringos. É igual Carnaval", brincou Pamela que não sabia o resultado parcial do jogo.
O local virou palco até para uma drag queen. Charlene Blue se fantasiou com as cores da seleção e decidiu divulgar seus shows do lado do Itaquerão. Ela foi tietada e disse que recebeu xaveco até dos gringos.
"Eles falam muitas coisas, chamam para sair, pedem telefone. Eu levo na boa, mas fico na minha porque tenho meu marido", disse.
Entre uma foto e outra, ela distribuía seu cartão de visitas e até fechou um evento. Vai trabalhar como animadora de festa em um casamento.