Uma estação de trem vira o centro do mundo por um dia. É a Luz, em SP

Verônica Mambrini

DO UOL, em São Paulo

Com ou sem ingresso, brasileiro ou estrangeiro, a trabalho ou a passeio. Todo tipo de torcedor passou pela estação da Luz na abertura da Copa do Mundo. A falta de decoração e entusiasmo das ruas, que chamou a atenção até da imprensa estrangeira, foi esquecida na quinta-feira. Nas regiões ao redor da estação, o que se viu foi o contrário: da maquiagem no rosto às combinações de roupas azuis, verdes e amarelas, vai ter Copa, sim, para muita gente.

Os irmãos Vitor, de 10 anos, Eduardo, de 5, e o bebê Marcelo, de um ano, vão ver os jogos no bar do pai, nas imediações da estação. Quase todos os estabelecimentos estão decorados para receber quem mora, estuda ou trabalha na região. É o caso de Meire Silva Barreta e Paulo José, que foram até lá para sentir o clima antes da abertura. Assistiram ao jogo do Brasil contra a Croácia em algum lugar por perto. "Se depender de mim, vai ter Copa. Já gastaram nosso dinheiro, né? Agora tem mais é que ter festa mesmo", disse Paulo.

Edith Chang e Edwin Quisque moram no Bom Retiro e pararam para curtir o movimento. "Vamos ver o jogo em casa mesmo", disse Edwin.

Wilma Conde  e Oscar Perez são bolivianos, da região de Oruro, e vieram para o Brasil trabalhar. Como a Bolívia não está na Copa, adotaram a seleção brasileira. Pretendem assistir aos jogos nos telões das Fan Fests. "Vamos para o Anhangabaú agora", disse Oscar.

Já Joyce e Rafaela trabalham na região, fazendo programas. Estavam vestidos à caráter. "Todo dia estão aparecendo estrangeiros. O movimento melhorou um pouco. Não sei falar inglês nem espanhol, mas a gente se entende com mímica. Ontem um cliente achou que eu era mulher, mas quando descobriu que não, demos um jeito", disse Joyce, que é travesti.

Elas só reclamam da falta de generosidade dos gringos. "Ele queria negociar demais o preço. Eu cobro R$ 50, ele queria pagar só R$ 10. Meus clientes brasileiros não fazem isso. Às vezes, deixam até R$ 80."

Para alguns, a estação da Luz é onde começa o retorno para casa. Paulo Sergio e Bismarque Alexandre da Silva moram em Itaquera, perto da Arena que recebeu a abertura da Copa. "Vamos acompanhar do telão, perto do estádio. Acho que não trouxe benefícios que vão durar para nós, depois da Copa. No máximo, vai ser bom para os corintianos", comentou Bismarque.

De ingressos a postos, as croatas Zrinka e Vladimira estão há duas semanas no Brasil e se impressionaram com a paixão do brasileiro por futebol. "Vimos uma dona de casa fazendo faxina usando a camisa da seleção!", disse Zrinka. "O país é diferente, desorganizado e caótico, uma selva. Mas mesmo assim é maravilhoso", conta a croata, que apostou  numa vitória por 2x1 do seu time contra a seleção brasileira. Pela empolgação que mostrava, não deve ter ficado frustrada com a derrota por 3 a 1.

O mesmo destino tinha o casal Roberto e Letícia Jaerger. "Estamos achando o clima tranquilo, sossegado, organizado. Vai ser lindo jogo",. Disse Roberto. A única divergência é sobre a aposta para a vitória brasileira: ela chuta 3x0, ele fica em 2x0. Fazendo a média, quase acertaram...

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