Presença da seleção proíbe festa tradicional e gera confusão em Terê

Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

  • Flavio Florido/UOL

    Pessoas que não conseguiram montar barracas fazem protesto e fecham trânsito em Teresópolis

    Pessoas que não conseguiram montar barracas fazem protesto e fecham trânsito em Teresópolis

Há mais de 40 anos, no início de todo mês de junho, uma tradicional festa de Santo Antônio toma conta das calçadas e ruas próximas da principal avenida de Teresópolis e movimenta a cidade que recebe a seleção brasileira. A versão 2014 do evento, no entanto, não deverá ocorrer. Pelo menos por enquanto. Tudo porque a prefeitura impediu que as barraquinhas fossem montadas em frente à igreja do santo casamenteiro por causa da passagem da seleção brasileira.

Em contato com a reportagem, agentes de fiscalização da prefeitura, que pediram para não serem identificados, revelaram que a decisão de não permitir o funcionamento das barracas neste final de semana é uma estratégia para evitar qualquer tumulto durante o período em que a seleção brasileira estiver pela cidade.

Oficialmente, o poder público alega que tais barracas não possuem autorização da secretaria de fazenda para exercer o comércio nas calçadas da avenida. O discurso, porém, não é aceito pelos barraqueiros, já que o evento acontece da mesma forma há décadas.

Na última sexta-feira, inconformados por não instalarem suas estruturas, eles protestaram contra o cancelamento da festa e queimaram pneus, fechando a avenida em um ponto que fica a pouco mais de um quilômetro da Granja Comary. A Polícia Militar foi chamada para resolver a situação. No sábado, no mesmo lugar, os barraqueiros bloquearam novamente o trânsito, batendo em panelas com gritos de ordem: "queremos trabalhar".

"Isso não existe. Nunca tivemos esse tipo de problema. Esta argumentação oficial serve apenas para disfarçar o interesse deles. Tanto que eles falaram que na semana que vem, quando a seleção não estiver por aqui, talvez possamos montar as coisas", atacou Carlos André, que trabalharia em uma das barracas.

Conhecida por atrair jovens em busca de bebida e diversão, a festa poderia terminar em confusão e manchar o nome da cidade, segundo os membros da fiscalização.

Policiais militares que garantiam a segurança do local no último sábado também confirmaram a estratégia. Segundo eles, todo o efetivo foi deslocado para a Granja Comary e não pode cobrir a tradicional festa de Santo Antônio.

Pedro Ivo Almeida/UOL
Polícia ficou de prontidão na frente da Igreja para evitar novas confusões

A "campanha" contra a montagem das barracas e a realização da festa na rua contou com o apoio do padre da Igreja de Santo Antônio e de donos de bares próximos.

"A festa é realmente muito tradicional, mas não queremos mais essa zona na rua. Infelizmente, mancha o nome da igreja e da cidade. Podemos realizar o evento dentro do nosso salão, mas sem bebida alcoólica. Não queremos briga com os barraqueiros, apenas que eles respeitem isso. Na frente da minha igreja, não permitirei mais barracas", explicou o Padre Jorge.

Procurada pela reportagem para esclarecer o assunto, a assessoria de imprensa da prefeitura de Teresópolis não retornou os contatos feitos durante todo o sábado.

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