Teresópolis assume ciúmes da seleção e reclama de privilégios

Luiza Oliveira, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

  • Luiza Oliveira/UOL

    Centenas de torcedores ficam na porta da Granja à espera dos ídolos, mas não conseguem vê-los

    Centenas de torcedores ficam na porta da Granja à espera dos ídolos, mas não conseguem vê-los

A seleção brasileira quer se aproximar do povo e ser de todos na Copa do Mundo disputada no país. "É hora de recebermos o carinho da população", chegou a dizer o técnico Luiz Felipe Scolari.  Mas a cidade que é considerada a casa da equipe nacional se sente fora da festa. Torcedores de Teresópolis assumem o ciúme de Goiânia e reclamam dos privilégios de alguns vips.

Após doze dias de preparação para o Mundial, o único treino aberto para os fãs foi em Goiânia e reuniu 12 mil pessoas na véspera do amistoso contra o Panamá, o penúltimo antes da estreia no Mundial.

Os torcedores que diariamente vão para a porta da Granja Comary se sentem discriminados. "Não sei qual é o probema. Será que eles acham que carioca é bandido? Eles tratam carioca como se fosse bandido", disse a bancária Denise Gomes.

"É um esculacho, horrível. Em outra cidade eles abrem para a torcida e aqui que é a casa da seleção eles fazem isso. É uma falta de consideração", disse a dona de casa Claudia Pacheco. Ela saiu de Duque de Caxias, a 65 km de Teresópolis, para levar o filho Cleberson, de 12 anos.

"Um absurdo, constrangedor", desabafou a estudante Cintia dos Santos que passou horas na porta do centro de treinamento.

Diariamente, dezenas de pessoas, até centenas no fim de semana, se aglomeram na porta da Granja Comary. São famílias inteiras com crianças que acordaram cedo e viajaram de outras cidades do Rio de Janeiro. Algumas vieram de outros estados como São Paulo e Rio Grande do Sul.

Todos passam horas parados no local na tentativa de ver um sinal dos craques e, quem sabe, ganhar um autógrafo ou uma foto.

Os fãs reclamam não só das regalias dos goianos, mas também dos convidados VIPS que entram no centro de treinamento. No último fim de semana, na sexta e no sábado, os patrocinadores da CBF levaram 30 convidados em cada dia para assistir aos treinos.

No domingo, foi o dia de visita dos familiares e amigos dos jogadores. Alguns atletas chegaram a receber um grupo de 40 pessoas. Já no primeiro dia em Teresópolis, patrocinadores puderam ficar por cerca de 30 minutos tirando fotos, pegando autógrafos e conversando com os jogadores.

Moradores do condomínio onde fica a Granja Comary também têm uma visão privilegiada. Para alguns, os craques treinam a poucos metros de casa. Basta atravessar a rua. É nesse local que alguns fãs conseguiram autógrafos de Júlio César, Neymar e companhia.

Do lado de fora do condomínio, os fãs reclamam que os moradores trazem convidados em grande quantidade.  "Não é justo. Eles vão e voltam com o carro várias vezes levando mais de vinte pessoas", esbravejou um pai, que levou o filho no último sábado e ficou tão nervoso que teve que ser acalmado por um dos policiais.

Do lado de dentro, os jogadores esbanjam simpatia com os torcedores. Tiram fotos, brincam e dão autógrafos em álbuns de figurinhas. Do lado de fora, os fãs reclamam que não ganham nem um 'tchauzinho' dos ídolos quando eles passam de ônibus. "Não estão nem aí para o povo", conclui a dona de casa Laura Ferminiano.

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